HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Leucemia Linfoide Aguda (LLA) é um câncer de progressão rápida que afeta os linfoblastos, comprometendo a medula óssea. A recidiva ocorre quando, após um período de remissão, as células leucêmicas voltam a se multiplicar e infiltrar a medula ou outros órgãos.
Descrição do casoEste trabalho origina de um estudo maior aprovado pelo CEP (CAAE: 47456221.0.0000.5526). N.C.G., 8 anos, pardo, 26,3 kg, foi encaminhado ao setor de Onco-hematologia Pediátrica da Santa Casa da Misericórdia de Itabuna em 21/09/2020. Apresentava aumento abdominal há 30 dias, adenomegalias, hepatoesplenomegalia, febre intermitente, manchas roxas e histórico de internações. Ao exame físico: anictérico, acianótico, hidratado, hipocorado (+++/4), eupneico, bulhas cardíacas normais, murmúrio vesicular presente e bilateral, sem ruídos adventícios. Havia hepatomegalia (6 cm do RCD), esplenomegalia (8 cm do RCE), apêndice xifoide (4 cm) e linfonodos retroauriculares, submandibulares e inguinais. Exames laboratoriais iniciais: Hb = 6,1 g/dL, Ht = 17,9%, plaquetas 15.000 mm3, leucócitos 18.010 mm3, bilirrubina total 0,56 mg/dL (direta 0,17; indireta 0,39), TGO = 28 U/L, TGP = 18 U/L, GGT = 31 U/L, fosfatase alcalina 46 U/L e LDH = 623 U/L. O mielograma de 24/09/2020 mostrou hipocelularidade e o tratamento foi iniciado em 25/09/2020. O diagnóstico de LLA-B de alto risco foi confirmado por imunofenotipagem (86% de células imaturas B) e DRM positiva no D28 (0,2%) e D72. Líquor inicial com 4,5 células/mm3. Não houve realização de farmacocinética, ecocardiograma ou tipagem sanguínea completa na admissão. O tratamento seguiu protocolo de alto risco e cursou com neutropenia após Ara-C, pneumonia com derrame pleural, escabiose, além de a mãe testar positivo para COVID-19. A irmã apresentou HLA não compatível, sendo o paciente incluído no REDOME. O protocolo foi finalizado em 22/06/2023. Em 31/03/2025, houve recidiva medular (86% de blastos), confirmada por biologia molecular com painéis negativos para ETV6::RUNX1, TCF3::PBX1, TCF3::HLF, KMT2A::AFF1 e BCR::ABL1. A conduta incluiu etoposídeo (início em 03/04/2025) e reinício de quimioterapia com Vincristina (VCR). A PEG-asparaginase permanecia em desabastecimento, comprometendo o protocolo. Exames complementares de 25/03/2025: Hb=8,5 g/dL, Ht=13,2%, leucócitos 5.380 mm3, plaquetas 50.000 mm3, neutrófilos 18%, eosinófilos 2%, linfócitos típicos 66%, linfócitos atípicos 10% (total 24%) e monócitos 4%. A recaída na LLA permanece um desafio, afetando 15% a 20% das crianças. O caso evidencia uma evolução típica de LLA-B de alto risco, com DRM positiva persistente e recidiva tardia. Complicações infecciosas e o desabastecimento da PEG-asparaginase agravaram o quadro e dificultaram o tratamento. O caso reforça a importância do acompanhamento rigoroso mesmo após o fim do protocolo, especialmente em pacientes de alto risco.
ConclusãoO caso evidencia os desafios no manejo da LLA-B de alto risco, com destaque para a recidiva tardia, positividade da DRM, infecções e falta de medicamentos. Reforça também a importância do suporte emocional e do acompanhamento prolongado após o tratamento.




