HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosLinfoma de Hodgkin (LH) é uma neoplasia que, apesar dos avanços terapêuticos, apresenta impacto significativo na mortalidade de idosos. A vigilância epidemiológica é essencial para o planejamento de políticas públicas, sobretudo frente ao envelhecimento populacional no Brasil. A literatura é bem estabelecida em relação à evolução natural e aos tratamentos da doença, no entanto carece de projeções regionais de mortalidade, as quais podem direcionar investimentos em estratégias de prevenção e tratamento.
ObjetivosEstimar as projeções de mortalidade por LH em idosos entre 2024 e 2030, segundo regiões demográficas, com base em dados históricos do DATASUS.
Material e métodosEstudo ecológico descritivo com dados secundários de óbitos por LH em idosos (≥60 anos), extraídos do Sistema de Indicadores de Mortalidade do Departamento de informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram utilizadas séries temporais de 1996 a 2023 para modelagem e previsão da mortalidade até 2030, estratificadas por região (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Brasil). Aplicou-se o método de Suavização Exponencial (ETS - Error, Trend, Seasonal) com intervalos de confiança (IC) de 95% para as projeções.
ResultadosA projeção nacional do aumento de óbitos por LH em idosos é de, aproximadamente, 18%, sendo de 4.746 casos em 2023 para 5.604 (IC: 4.116,05; 7.092,94) em 2030. É previsto em algumas regiões, como a Sudeste e a Nordeste, os maiores números absolutos em 2030, sendo 2.696 (IC: 2.571,64; 2.820,64) e 1.367 (IC: 1.023,93; 1.711,6) óbitos, respectivamente. Na região Sul haverá 638 (498,87; 779,11) casos, seguido do Centro-Oeste e da região Norte, sendo 333 (IC: 301,05; 365,81) e 317 (IC: 273,73; 360,71) óbitos previstos, respectivamente.
Discussão e conclusãoOs achados apontam uma tendência de crescimento linear de diagnóstico de LH em idosos em todas as regiões, com destaque para o Sudeste. A amplitude dos intervalos de confiança cresce ao longo do tempo, refletindo incertezas inerentes à modelagem e a possível insuficiência. Ainda, é perceptível que houve o aumento das mortes projetadas em todas as regiões, principalmente no Sudeste, refletindo maior contingente populacional idoso e possivelmente mais diagnósticos. O crescimento no Nordeste também é evidente, apresentando, tanto quanto no Sudeste, a necessidade de maior atenção onco-hematológica e medidas de prevenção de LH. A estabilidade relativa no Norte e Centro-Oeste pode mascarar subnotificações, tornando fundamentais estratégias regionais individualizadas. É importante destacar que há um viés de projeção no que diz respeito ao desenvolvimento de novas drogas para o tratamento de LH, uma vez que drogas, como pembrolizumabe e nivolumabe, têm grande impacto na sobrevida, porém, não estão disponíveis a todos os pacientes acometidos por LH. A projeção de mortalidade por LH em idosos até 2030 revela tendência crescente em todas as regiões brasileiras, especialmente Sudeste e Nordeste. Os dados evidenciam a importância de políticas públicas voltadas ao diagnóstico adequado, bem como da incorporação dos novos tratamentos no arsenal terapêutico fornecido pelo SUS.
Referências:
Grover NS, Herrera AF, Moskowitz AJ, Diefenbach CS, Palanca-Wessels MC, Bartlett NL, et al. The optimal management of relapsed and refractory Hodgkin lymphoma: post–brentuximab and checkpoint inhibitor failure. Hematology Am Soc Hematol Educ Program. 2023;2023(1):510-8. doi:10.1182/hematology.2023000471.
Biasoli I, Pereira J, Lorand-Metze I, Gaiolla RD, Pulcheri W, Vianna MB, et al. Treatment patterns and outcomes for Hodgkin lymphoma patients aged 60 and older: a report from the Brazilian prospective Hodgkin lymphoma registry. Ann Hematol. 2023;102(10):2375-83. doi:10.1007/s00277-023-05232-y.




