HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO linfoma de Hodgkin (LH) é uma neoplasia hematológica caracterizado pela proliferação clonal de células B anormais. A epidemiologia do LH varia entre regiões e populações, sendo influenciada por fatores genéticos, ambientais e socioeconômicos.A análise dos dados populacionais é fundamental para identificar padrões temporais, distribuições etárias e sexuais, informações essas essenciais para orientar políticas de saúde e estratégias de diagnóstico precoce.
ObjetivosO objetivo deste estudo foi analisar o perfil epidemiológico dos casos de linfoma de Hodgkin registrados na região Nordeste do Brasil entre 2020 e 2024.
Material e métodosRealizou-se um estudo observacional, retrospectivo e descritivo, utilizando dados do Painel Oncológico do DATASUS (TABNET) referentes aos casos de linfoma de Hodgkin registrados na região Nordeste entre 2020 e 2024. Foram incluídos apenas casos confirmados segundo critérios diagnósticos padronizados. As variáveis analisadas compreenderam ano de diagnóstico, faixa etária (agrupada em intervalos regulares) e sexo (masculino e feminino). Os dados foram organizados e tabulados para análise estatística descritiva.
ResultadosEntre os anos de 2020 e 2024, foram registrados 2.655 casos de pacientes diagnosticados com linfoma de Hodgkin na região analisada. Observou-se uma média anual aproximada de 531 casos, com discreta variação ao longo do período, sendo o mínimo de 497 casos em 2021 e máximo de 571 casos em 2023.Quanto à distribuição por faixa etária, o maior número de casos concentrou-se no grupo de 0 a 19 anos, totalizando 594 casos (22,4%). Em seguida, destacou-se a faixa de 20 a 24 anos com 402 casos (15,1%), e a de 25 a 29 anos com 326 casos (12,3%). A partir dos 50 anos, o número de diagnósticos apresentou declínio progressivo, sendo o menor registro entre indivíduos com 80 anos ou mais (17 casos; 0,6%).Na análise por sexo, houve discreto predomínio do sexo masculino, com 1.376 casos (51,8%), em comparação a 1.279 casos (48,2%) no sexo feminino. Essa diferença foi relativamente constante em todos os anos avaliados.
DiscussãoOs resultados analisados mostram que o linfoma de Hodgkin (LH), na região estudada, possui uma incidência relativamente estável, estando em acordo com dados epidemiológicos de outros estudos sobre LH, que mostram incidência constante ao longo de períodos curtos, embora existam oscilações por fatores demográficos, de notificação ou detecção. Essa variação, principalmente o menor registro em 2021, pode ter sido influenciada pela pandemia de COVID-19, período no qual houve redução dos diagnósticos oncológicos por atrasos na busca de atendimento e em rotinas diagnósticas. Por outro lado, o aumento em 2023 pode ser explicado não só como uma recuperação do fluxo diagnóstico pós-pandemia, mas também por melhoria nos sistemas de notificação. Em relação à distribuição etária, os dados refletem o padrão clássico da doença, com maior ocorrência em adolescentes e adultos jovens e com um declínio progressivo a partir dos 50 anos de idade. Quanto ao sexo, nota-se um discreto predomínio masculino, que pode ser explicado por diferenças hormonais, exposições e fatores imunológicos.
ConclusãoOs dados indicam estabilidade na incidência do linfoma de Hodgkin, com impacto da pandemia na queda de diagnósticos em 2021 e recuperação em 2023. Predomínio em jovens e homens segue o padrão esperado, evidenciando a necessidade de estratégias para diagnóstico precoce e melhor acompanhamento da doença.




