HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA infusão de leucócitos do doador (DLI) pode ser utilizada na profilaxia e terapia de recidiva de doença maligna após o transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) ou ainda na prevenção de rejeição das células do doador nos TCTH realizados para doenças não malignas. Doses crescentes de DLI são habitualmente iniciadas quando é documentado quimerismo misto, com escalonamento das próximas doses nas doenças malignas. Há protocolos que utilizam DLI proveniente do sangue periférico, leucoaférese ou medula óssea e a infusão pode ser do produto a fresco ou previamente criopreservado. A utilização da DLI é limitada pelo risco de doença do enxerto contra o hospedeiro (GVHD).
ObjetivosRelatar a experiência de um centro de processamento celular de um hospital pediátrico no processamento e criopreservação dos linfócitos provenientes do sangue periférico, leucoaférese ou medula óssea de doadores aparentados e não aparentados.
Material e métodosA escolha da fonte de DLI foi avaliada conforme a idade, disponibilidade do doador ou fonte disponível. Para os doadores aparentados utilizamos o sangue periférico como primeira escolha, porém para doadores pequenos, com dificuldades para comparecimento ao serviço ou doadores não aparentados, utilizamos uma fração do produto de leucoaférese ou da medula óssea. Para todos os produtos foi realizada a enumeração do CD3 por citometria de fluxo. A coleta de sangue periférico é realizada com anticoagulante ACD – A. O Centro de Processamento celular (CPC) realiza os cálculos do produto para o transplante de medula óssea e a celularidade excedente é criopreservada para doses de DLI conforme o protocolo clínico. As células-tronco coletadas por leucoaféreses foram centrifugadas 3.000 rpm, 20 min, temperature ambiente e a porção celular foi criopreservada. A medula óssea teve ajuste do hematócrito para < 25%, adicionado HAES 6% Voluven® na proporção 1:8. As bolsas foram centrifugadas na posição invertida a 1700 rpm ou 840 g, 5 minutos, temperatura ambiente, sem freio. A criopreservação dos produtos foi com solução final de HAES 6%, Albumina 4% e DMSO 5% e armazenadas em ultrafreezeres. No dia da infusão, foi realizado o degelo em banho maria à 37°C. A contagem das células nucleadas ocorreu antes do processamento e após degelo para cálculo estimado da dose de CD3 a ser infundido.
ResultadosNo período de 1999 a 2025 processamos linfócitos para 51 pacientes: 36 pacientes realizaram TMO aparentados e 15 não aparentados; 18 coletados do sangue periférico, 22 de leucoaférese e 11 da medula óssea. Os diagnósticos foram 43 Leucemias, 2 Anemia de Fanconi, 2 Imunodeficiência, 2 Linfoma de Hodgkin, 2 Sindrome mielodisplásica. A mediana de idade dos pacientes foi 11 anos (1-18) e peso 31 kg (7–80). A mediana de idade dos doadores foi 24 anos (11 meses -55 anos) e peso 68 kg (10-114 kg). As doses de DLI do sangue periférico foram 1 a 6, leucoaférese 1 a 4 doses e apenas uma dose quando medula óssea.
Discussão e conclusãoO planejamento de uma coleta de células-tronco hematopoéticas alogênicas com celularidade maior que o alvo para o transplante de medula óssea é factível, para processar e criopreservar doses de linfócitos de doadores pequenos ou com dificuldades de comparecimento ao serviço, para o planejamento da profilaxia ou tratamento da recidiva da doença dos pacientes com doenças oncohematógicas.




