HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA prevalência de sífilis em doadores de sangue no Hemocentro do Estado de São Paulo foi monitorada ao longo de duas décadas, revelando tendências importantes para a saúde pública.
ObjetivosAcompanhar a prevalência de sífilis em doadores de sangue entre os anos de 1999 a 2020.
Material e métodosTrata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, com análise de cadastros de doadores de sangue no período de janeiro de 1999 a dezembro de 2020 em um Hemocentro do interior do Estado de São Paulo e suas oito unidades. Todas as amostras foram submetidas a triagem sorológica para sífilis por meio de teste não treponêmico Reagina Plasmática Rápida (RPR). Os casos reativos eram repetidos, seguido da realização da titulação. Para a confirmação dos casos, utilizou-se um teste treponêmico específico, Fluorescent Treponemal Antibody Absorption Test (FTA- ABS). Os doadores foram categorizados em dois grupos: Sífilis Ativa (SA), doadores com titulação RPR igual ou superior a 1:8 e aqueles com titulação inferior a 1:8, desde que apresentassem resultado reagente no FTA-ABS, e Grupo Reagente (GR): doadores com titulação RPR inferior a 1:8 e resultado negativo ou não realizado para o FTA-ABS. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa(CAAE: 40623120.9.3001.5515). A análise de prevalência foi feita no software SPSS versão 29.0.
ResultadosDos 2.069.792 doadores analisados, 4.397(0,21%) apresentaram resultado reagente para sífilis, dos quais 2.752 (62,6%) eram homens e 1.645 (37,4%) mulheres. Entre os casos classificados como SA(n=2.509), 1.666 (66,4%) eram do sexo masculino e 843 (33,6%) feminino. Já entre os casos GR(n=1.888), 1.086 (57,5%) eram homens e 802 (42,5%) mulheres. A prevalência média de sífilis no período analisado foi de 0,21%, com variações anuais entre 0,11% (2005) e 0,37% (2002). As maiores prevalências foram registradas nos anos: 2001(0,30%), 2002(0,37%) e 2003(0,35%). Entre 2005 e 2012, observou-se redução nas taxas (variando entre 0,09% em 2009 e 0,18% em 2008). A partir de 2013, houve nova elevação, alcançando 0,32% em 2017, seguida de discreta queda até 2020 (0,22%).
Discussão e conclusãoOs resultados indicam que a prevalência de sífilis em doadores de sangue do Hemocentro do interior do Estado de São Paulo foi relativamente baixa ao longo de duas décadas, mas apresentou variações significativas. Houve maior prevalência em homens, especialmente no grupo com sífilis ativa. O padrão temporal mostrou pico no início dos anos 2000, seguido de queda contínua entre 2005 e 2012 e aumento subsequente a partir de 2013. Estas variações podem ser reflexo de mudanças no comportamento sexual da população, alterações nos critérios de triagem, acesso ao diagnóstico, campanhas de prevenção e maior sensibilidade dos testes utilizados ao longo do tempo.




