O transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) é um procedimento de alta complexidade e uma alternativa de tratamento para doenças de caráter imunológico, hematológico e neoplásico. É considerado autólogo quando a medula é proveniente do próprio receptor, e alogênico quando é realizado a partir de células precursoras de medula óssea obtidas de um doador compatível. Em decorrência da agressividade do procedimento e efeitos colaterais causados pela quimioterapia, realizada na fase do condicionamento, é necessário que os pacientes utilizem vias alternativas para a alimentação, como a sonda nasoenteral. Ressalta-se a importância do preparo emocional dos pacientes por se tratar de um procedimento invasivo, que pode desencadear sentimentos de ansiedade e medo e demandam adaptação na rotina das crianças, dos adolescentes e dos responsáveis. Descrever a preparação psicológica das crianças e adolescentes submetidos ao uso de sonda nasoenteral para via alternativa de alimentação, durante o transplante de medula óssea, realizado pelo serviço de psicologia de um hospital oncológico pediátrico na cidade de São Paulo.

Relato de experiência sobre a atuação do psicólogo com os pacientes submetidos ao uso de sonda nasoenteral. São utilizados para auxiliar na orientação: vídeos explicativos para pacientes adolescentes, livros de história lúdica sobre o uso da sonda (“General Tumoris”) e boneco para visualização. Após estabelecido o vínculo com os pacientes, que já se encontram em acompanhamento com o serviço de psicologia hospitalar, é investigado o nível de conhecimento que estes obtêm sobre o procedimento e o uso do dispositivo. Logo após, é realizada psicoeducação sobre o procedimento médico invasivo, utilizando como auxílio os materiais lúdicos selecionados de acordo com a necessidade de cada paciente. O vídeo explicativo e boneco permite orientações sobre o procedimento e sobre os cuidados necessários com o dispositivo após a inserção da sonda de forma acessível. Para encerramento da intervenção, é utilizada história lúdica a qual permite orientar, utilizando linguagem adaptada, crianças mais novas, acerca da necessidade do uso do dispositivo.

A preparação psicológica por meio do lúdico auxilia os responsáveis a compreender o procedimento que será realizado, podendo reduzir sinais de ansiedade, medo e desconforto que podem ser apresentados pelos pacientes, além de auxiliar na adaptação ao uso do dispositivo. Dessa forma, viabilizar a psicoeducação de elementos importantes envolvidos no processo do tratamento o torna mais compreensível para a criança, adolescente e seus familiares, possibilitando o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento eficazes para o momento vivenciado.