HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO transplante de medula óssea (TMO) é fundamental no tratamento de diversas doenças hematológicas. Tanto no TMO autólogo quanto no alogênico, as citopenias prolongadas tornam o suporte transfusional um componente essencial do cuidado. Transfusões de hemácias (CH) e de plaquetas (CP) são frequentemente necessárias, de forma profilática ou terapêutica, com demanda variável conforme o tipo de transplante, regime de condicionamento e intercorrências clínicas. A análise do perfil transfusional permite identificar padrões e otimizar o planejamento do estoque de hemocomponentes.
ObjetivosDescrever e comparar o perfil transfusional de TMOs autólogos e alogênicos realizados no Instituto Brasileiro de Combate ao Câncer (IBCC) entre janeiro/2024 e junho/2025
Material e métodosNo período, foram realizados 57 TMOs no IBCC (20 autólogos, 37 alogênicos). Entre os autólogos, as indicações foram: mieloma múltiplo (12), linfomas (7) e polirradiculoneuropatia desmielinizante inflamatória crônica (1). Houve 10 casos com regime mieloablativo (MAC) e 10 com intensidade reduzida (RIC). As coletas foram por aférese, com mediana de CD34+ de 4 × 10⁶/kg (2–12). A enxertia neutrofílica teve mediana no D+11 (D+8–D+12) e a plaquetária no D+13 (D+10–D+24). Houve um óbito. Nos alogênicos, as indicações foram: leucemias agudas (22), mielofibrose (5), linfomas (4), SMD (3), hemoglobinopatias (2) e anemia aplásica (1). Foram realizados 26 haploidênticos, 6 não aparentados (NAP) e 5 aparentados fullmatch. Quanto à compatibilidade ABO, 26 foram isogrupo, 5 com incompatibilidade menor, 4 maior e 1 bidirecional. O regime foi RIC (21), MAC (14) e não mieloablativo (2). Um utilizou medula óssea; os demais, sangue periférico. A mediana de CD34+ foi de 5 × 10⁶/kg (2–9). A enxertia neutrofílica ocorreu no D+17 (D+13–D+34). A enxertia plaquetária foi pouco documentada. Ocorreram oito óbitos. O número de transfusões de CH e CP foi computado da infusão da medula até a 1ª alta hospitalar. Entre os autólogos, a mediana de uso de CH foi 1 (0–24) e de CP, 3 (0–22), com dois pacientes sem transfusões por motivos religiosos. Entre os alogênicos, a mediana de CH foi 6 (0–53) e de CP, 8 (0–91), incluindo dois pacientes com recusa transfusional. Analisando subgrupos: haploidênticos tiveram mediana de CH 6,5 (0–53) e CP 8,5 (0–91); fullmatch, CH 1 (0–6) e CP 2 (1–8); e NAP, CH 8,5 (6–30) e CP 13,5 (6–44). Entre os autólogos não houve diferença entre RIC e MAC; nos alogênicos, o regime MAC apresentou mediana de uso de CH: 6,5 (0–13) e CP: 6,5 (0–22), em comparação ao RIC: CH 7 (0–53) e CP 9 (2–91). Em relação à compatibilidade ABO, os isogrupos utilizaram CH 7 (0–53) e CP 7 (0–91), enquanto os com incompatibilidade utilizaram CH 6 (1–30) e CP 8 (3–44).
Discussão e conclusãoO suporte transfusional é crítico no TMO, especialmente da fase de aplasia à consolidação da enxertia. Como esperado, alogênicos demandaram mais hemocomponentes que autólogos. O TMO fullmatch teve menor demanda transfusional, mas esse subgrupo foi pequeno. Em relação ao regime de condicionamento e à compatibilidade ABO, as taxas de transfusão foram semelhantes. A análise entre subgrupos é limitada pelo número de casos, heterogeneidade das doenças e variáveis codependentes. Casos com alta demanda ilustram contextos clínicos complexos e reforçam a necessidade de preparo institucional. Este levantamento apoia o planejamento logístico e ressalta a importância de registros sistematizados para qualificação contínua da assistência.




