A leucemia é uma doença oncológica grave que impacta significativamente a saúde pública no Brasil. Entre 2020 e 2024, houve mais de 206 mil internações por leucemia no país, mostrando uma tendência crescente nas hospitalizações e variações na mortalidade, refletindo desafios no diagnóstico e tratamento.

Neste estudo, objetiva-se analisar o perfil epidemiológico dos pacientes internados por Leucemia entre os anos de 2020 e 2024, no Brasil.

Realizou-se um estudo observacional, retrospectivo e descritivo, utilizando dados do Painel Oncológico do DATASUS (TABNET) referentes aos casos de leucemia registrados no Brasil entre 2020 e 2024. Foram incluídos apenas casos confirmados segundo critérios diagnósticos padronizados. As variáveis analisadas compreenderam número de internações, média de dias de internação, número de óbitos e taxa de mortalidade. Os dados foram organizados e tabulados para análise estatística descritiva.

Foram observadas, no total, 206.247 internações hospitalares por Leucemia, durante 2020 e 2024, ao somar os dados de todas as regiões do Brasil. Por ano, foram admitidas 37.793, 39.333, 40.046, 43.047 e 46.028 internações, dados respectivos aos anos de 2020, 2021, 2022, 2023 e 2024. Notou-se uma média de permanência de 8,2 dias de internação. Já em relação ao número de óbitos, o total corresponde a 12.535 nesses 5 anos, que, quando feito um comparativo anual, pôde-se perceber uma variabilidade numérica, referente a 2.444, em 2020, 2.324, em 2021, 2.401, em 2022, 2.584, em 2023 e 2.782, em 2024. Sobre a taxa de mortalidade, foi apresentada uma média de 6,08 nos 5 anos analisados. Esta, mostrou inicialmente uma queda, levando em consideração 2020 (com uma média de 6,47) e 2021 (com uma média de 5,91). Porém, nos outros anos, a taxa sofreu um aumento progressivo, referente ao comparativo entre 2021 (5,91) e 2022 (6,00), além de 2023 (6,00) e 2024 (6,04), exceto pelo comparativo entre 2022 (6,00) e 2023 (6,00), que permaneceu igual.

Em relação a dados anuais, pode-se perceber um aumento progressivo de internações hospitalares, variação que, quando levado em consideração os menores registros em 2020 e 2021, pode ser explicada pela pandemia de COVID-19, período que houve redução da disponibilidade de leitos hospitalares, devido à alta demanda requerida pelos casos de coronavírus. Ainda, o aumento de internações nos anos seguintes pode ser explicado pela recuperação do fluxo hospitalar habitual pós pandemia. Sobre o número de dias de internação, percebe-se uma diminuição, ao levar em consideração a média de 8,5 dias em 2020, que caiu progressivamente para 7,8 dias em 2024. Dado este que pode ser relacionado a melhorias nos sistemas organizacionais hospitalares, quanto a uma maior agilidade nos procedimentos, exames e burocracias. O número de óbitos foi variável, em geral aumentando, exceto por uma queda de casos entre 2020 e 2021, que também pode ter sido influenciado pela pandemia do COVID-19, em relação à coleta de dados. A taxa de mortalidade apresentou alta variabilidade sofrendo aumento, diminuição e estabilidade numérica entre os anos analisados.

O estudo revela aumento nas internações hospitalares e mortalidade por leucemia, entre 2020 a 2024, dados que, apesar de ter acontecido uma redução do tempo médio de internação, indicam desafios na gestão e tratamento da doença no Brasil.