HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA leucemia é um câncer que afeta principalmente os glóbulos brancos, na medula óssea e no sistema linfático. Pacientes podem necessitar de internações para quimioterapia, manejo de infecções, transfusões e suporte nutricional. Avaliar o perfil das internações por leucemia é essencial para compreender a doença e orientar políticas públicas.
ObjetivosDescrever o perfil epidemiológico das internações por leucemia no Nordeste (NE).
Material e métodosEstudo epidemiológico, retrospectivo e descritivo, baseado em dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/DATASUS). Foram incluídas internações no NE entre janeiro de 2016 e junho de 2025, referente às leucemias (códigos C91 a C95 da Classificação Internacional de Doenças – 10ª Revisão, CID-10). Foram definidas variáveis demográficas (idade, sexo, etnia), assistenciais (caráter da internação, média de permanência) e desfechos (óbitos, taxa de mortalidade). Foram realizadas análises estatísticas descritivas, com cálculo de frequências absolutas e relativas, médias e desvios-padrão (DP). Para avaliar a associação entre o desfecho (óbito vs não óbito) e a Unidade da Federação (UF), foi aplicado o teste qui-quadrado de independência (χ2), considerando nível de significância de 5% (p < 0,05). As análises foram realizadas no Microsoft Excel® 2024.
ResultadosNo período analisado, foram registradas 100.447 internações por leucemia no NE (26,7% do total nacional), sendo superada apenas pelo Sudeste (n = 154.754; 41,1%). A média de internações por UF no NE foi de 11.161, com DP populacional de 7.857. A UF com o maior número de internações foi Pernambuco (PE) (n = 30.035; 29,9%), em contraste com Sergipe (SE), que apresentou o menor valor (n = 2.592; 2,6%). A faixa etária mais prevalente foi 1 a 9 anos (n = 35.811; 35,6%), predominando o sexo masculino (n = 57.480; 57,2%) e a etnia parda (n = 67.726; 67,4%). O tempo médio de permanência hospitalar foi de 8,3 dias. O caráter de atendimento mais prevalente foi a internação de urgência (n = 68.193; 67,9%). Quanto ao desfecho, registraram-se 6.121 óbitos, com uma taxa de mortalidade (TM) geral de 6,09%, sendo que as internações de urgência apresentaram maior número de óbitos (n = 4.363; 6,4%) em comparação às eletivas (n = 1.758; 5,4%). A análise da distribuição dos óbitos entre as UF revelou diferença estatisticamente significativa (χ2, p < 0,001), com algumas regiões apresentando TMs significativamente maiores. O Ceará (CE) apresentou a maior TM (n = 1.016; 9,9%), enquanto PE registrou a menor (n = 804; 2,68%).
Discussão e conclusãoO NE concentrou mais de um quarto das internações por leucemia. A elevada proporção de internações de urgência sugere atraso no diagnóstico, falta de hospitais especializados e insuficiência de acompanhamento ambulatorial. Ademais, ressalta-se que PE apresentou o maior número de internações, mas com a menor TM da região, o que pode indicar maior capacidade de detecção e oferta de tratamento especializado. Já estados como o CE apresentaram TMs mais elevadas, apontando para possíveis desigualdades estruturais e de acesso no SUS. Sendo assim, o perfil das internações por leucemia no NE foi marcado por: sexo masculino, pediátricos, pardos, atendidos majoritariamente em urgência, com desfecho favorável em PE, o que está em consonância com o perfil nacional. As disparidades estaduais reforçam a necessidade de estratégias regionais para ampliar o diagnóstico precoce, fortalecer o cuidado especializado e reduzir disparidades no manejo da doença.




