HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO TCTH constitui modalidade terapêutica curativa para diversas neoplasias hematológicas, imunodeficiências primárias e hemoglobinopatias.[1] No Brasil, a região Norte apresenta particularidades epidemiológicas únicas, incluindo alta miscigenação étnica e prevalência elevada de hemoglobinopatias, fatores que influenciam diretamente a compatibilidade HLA.[2] A análise do perfil de candidatos a TCTH é fundamental para otimização de protocolos clínicos, expansão de registros de doadores e desenvolvimento de políticas regionais de saúde.[3]
ObjetivosAnalisar o perfil epidemiológico de pacientes submetidos à tipificação HLA para transplante na região Norte do Brasil entre 2022-2025.
Material e métodosEstudo retrospectivo de 485 pacientes tipificados por PCR-NGS no Laboratório de Imunogenética da Fundação HEMOPA. Foram analisadas: variáveis demográficas, distribuição geográfica, diagnósticos e evolução temporal. Análise descritiva foi expressa através de frequências percentuais. O projeto foi aprovado pelo CEP n° de CAE 25781119.8.0000.5634.
ResultadosA coorte apresentou distribuição equilibrada entre gêneros (52% masculino). Concentração geográfica de 89% na região Norte (84% Pará, 4% Amapá, 3% Maranhão). Distribuição étnica: 31% pardos, 12% brancos, 4% negros, 2% amarelos, 51% sem informação. Leucemia linfoide aguda predominou com 115 casos (23,7%), seguida por Leucemia Mieloide Aguda com 89 casos (18,4%). Hemoglobinopatias representaram 7,8% (anemia falciforme 3,9%, talassemias 5,8%). Síndromes mielodisplásicas totalizaram 3,5% e linfomas 2,8%.
Discussão e conclusãoA predominância de LLA contrasta com padrões globais onde LMA tradicionalmente prevalece em adultos,[4] sugerindo características populacionais específicas da região amazônica. A alta prevalência de hemoglobinopatias reflete diversidade genética regional. A concentração geográfica evidencia necessidade de descentralização dos serviços especializados. O perfil epidemiológico singular da região Norte, marcado pela predominância de LLA e significativa representação de hemoglobinopatias, fundamenta a necessidade de protocolos clínicos regionalizados e expansão da rede de doadores com representatividade étnica local.[5] Os achados orientam políticas públicas para melhoria do acesso e desenvolvimento de terapias personalizadas para esta população. Agradecimentos: À Fundação HEMOPA pelas instalações e apoio à Residência Multiprofissional em Hematologia e Hemoterapia, cruciais para a escrita deste trabalho.
Referências:
1. Passweg JR, et al. Hematopoietic cell transplantation and cellular therapy survey of the EBMT: monitoring of activities and trends over 30 years. Bone Marrow Transplant. 2021;56(7):1651-1664.
2. Zago MA, Falcão RP, Pasquini R. Hematologia: fundamentos e prática. 2ª ed. São Paulo: Atheneu; 2013.
3. Ministério da Saúde. Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME). Brasília: MS; 2023.
4. Döhner H, Weisdorf DJ, Bloomfield CD. Acute myeloid leukemia. N Engl J Med. 2015;373(12):1136-1152.
5. Ballen KK, et al. The national marrow donor program 20 years of unrelated donor hematopoietic cell transplantation. Biol Blood Marrow Transplant. 2008;14(9):2-7.




