HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO linfoma de células T periféricos (PTCL) e o linfoma de células T cutâneo (CTCL) são neoplasias linfoproliferativas raras e caracterizam-se por comportamento clínico agressivo e prognóstico reservado. Considerando sua complexidade biológica e escassez de terapias de primeira linha eficazes, os pacientes geralmente apresentam recaídas precoces e uma baixa taxa de sobrevida global. O transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH) tem sido uma terapêutica estratégica que vem se apresentando como uma alternativa potencialmente curativa para subgrupos específicos. Entretanto, o papel do TCTH ainda gera controvérsias devido à diversidade dos perfis moleculares apresentado pelos seus subtipos.
ObjetivosO objetivo deste trabalho é apresentar uma análise crítica acerca do papel do transplante de medula óssea nos linfomas de células T periférico e cutâneo, com base na literatura.
Material e métodosFoi realizada uma revisão de literatura utilizando a base de dados PUBMED, com artigos publicados a partir de 2020. Foram utilizados os descritores: Peripheral T-Cell Lymphoma OR Cutaneous T-Cell Lymphoma AND Hematopoietic Stem Cell Transplantation. A busca retornou 67 artigos. Relatos e séries de caso foram excluídos. Foram selecionados 24 artigos que abordaram dados relevantes como tipo de transplante, características dos pacientes e desfechos clínicos, incluindo artigos originais e revisões sistemáticas.
ResultadosCom base nos estudos selecionados, observou-se que o TCTH autólogo foi benéfico principalmente como terapia de consolidação na primeira remissão em pacientes com PTCL de risco intermediário ou alto. Por outro lado, o TCTH alogênico (alo-TCTH) demonstrou maior potencial curativo em casos refratários ou recidivados, apesar de estar associado a maior toxicidade e risco de doença do enxerto contra o hospedeiro (GVHD). No linfoma de células T cutâneo, o alo-TCTH tem sido explorado em pacientes com doença avançada. Esses estudos demonstraram respostas duradouras, sobretudo na variante micosis fungoides/Sézary syndrome. Em relação à sobrevida global e livre de progressão, observou-se ampla variação entre os estudos, refletindo a heterogeneidade das populações incluídas.
Discussão e conclusãoO transplante de medula óssea, autólogo ou alogênico, tem sido essencial no manejo de doença refratária ou em consolidação de remissão tanto para PTCL quanto para CTCL. Mesmo assim, a escolha do tipo de transplante necessita ser individualizada, considerando fatores prognósticos, resposta ao tratamento inicial e condição clínica do paciente. Contudo, apesar dos avanços recentes, ainda são necessários estudos prospectivos randomizados para melhor definir o papel ideal do TCTH nesse grupo de linfomas.




