HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA embolia e a trombose arteriais configuram-se como condições vasculares de alta gravidade, caracterizadas por comprometimento agudo ou crônico do fluxo sanguíneo, com potencial para gerar desfechos incapacitantes ou fatais. A trombose arterial é frequentemente relacionada à aterosclerose. Essas condições estão diretamente associadas ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e o Acidente Vascular Cerebral (AVC), que permanecem entre as principais causas de morbimortalidade no Brasil e no mundo. A compreensão do perfil epidemiológico dessas doenças por sexo e região pode orientar estratégias de prevenção, diagnóstico precoce e manejo adequado.
ObjetivosAvaliar a epidemiologia das internações e óbitos por sexo relacionados à embolia e trombose arterial na região Sudeste do Brasil, no período de 2020 a 2024, a partir de dados do Sistema DATASUS.
Material e métodosTrata-se de estudo transversal, descritivo e quantitativo, baseado em dados secundários obtidos no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), disponível no Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Foram incluídos registros de internações e óbitos por embolia e trombose arterial referentes aos estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, no intervalo de janeiro de 2020 a dezembro de 2024. As informações foram tabuladas e organizadas no software Microsoft Excel®, sendo analisadas por meio de estatística descritiva, com comparação do número absoluto e proporcional de casos entre os sexos.
ResultadosA análise mostrou predominância masculina nas internações por embolia e trombose arterial em todos os estados da região Sudeste. São Paulo concentrou o maior volume absoluto, com 19.521 internações no sexo masculino e 14.558 no feminino. Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro apresentaram diferenças menos acentuadas entre os gêneros, mas mantendo a tendência de predomínio masculino. Esse padrão pode refletir a maior prevalência de fatores de risco tradicionais em homens, como dislipidemia, hipertensão arterial sistêmica, tabagismo e consumo abusivo de álcool, que contribuem para o desenvolvimento e progressão da aterosclerose. No que se refere à mortalidade, os dados revelaram cenário distinto: nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a prevalência de óbitos foi maior entre as mulheres, enquanto em Minas Gerais e Espírito Santo predominou no sexo masculino. A distribuição proporcional de mortes entre os sexos, apesar do maior número de internações masculinas, sugere que a doença possa apresentar maior gravidade nas mulheres. Fatores fisiológicos podem contribuir para tal achado, como níveis mais elevados de fibrinogênio e diferenças na composição e estabilidade das placas ateroscleróticas, aumentando o risco de ruptura e eventos tromboembólicos mais severos. Além disso, possíveis diferenças no acesso aos serviços de saúde e no tempo para diagnóstico e tratamento podem influenciar os desfechos.
Discussão e ConclusãoOs achados indicam que, na região Sudeste, o sexo masculino apresenta maior prevalência de internações por embolia e trombose arterial, mas a mortalidade proporcional é semelhante entre os sexos, com indicativos de maior gravidade clínica nas mulheres. Esse padrão pode ser explicado por diferenças fisiológicas, hormonais e pela distribuição de fatores de risco. Ressalta-se a possibilidade de subnotificação e limitações inerentes ao uso de dados secundários. Portanto, recomenda-se novas pesquisas, especialmente de natureza qualitativa e multicêntrica, que permitam compreender melhor as diferenças.




