A transfusão sanguínea é utilizada para a realização de tratamentos clínicos, transplantes, quimioterapias e procedimentos cirúrgicos. No Brasil, a doação de sangue é uma ação voluntária, o que frequentemente leva a baixas nos estoques dos hemocentros do país pela reduzida adesão dos doadores. Dados abertos sobre doadores de sangue são disponibilizados pelo Sistema de Informação de Produção Hemoterápica (HEMOPROD), porém não apresentam informações como características psicológicas, sociais e culturais que influenciam na decisão de doar sangue.

Objetivo geral: Identificar e sintetizar a literatura científica sobre o perfil dos doadores de sangue no Brasil, segundo suas características sociodemográficas e comportamentais. Objetivos específicos: i) descrever o perfil dos brasileiros doadores de sangue, com base em características sociodemográficas (sexo, idade, raça/cor, estado civil, local de residência e escolaridade) e comportamentais (orientação sexual, frequência e motivação inicial para doação); ii) identificar os principais fatores associados à motivação para a doação de sangue no Brasil, considerando aspectos individuais e contextuais; iii) mapear o panorama metodológico da produção científica sobre doação de sangue no Brasil, caracterizando os tipos de estudos, desenhos metodológicos e abordagens analíticas utilizadas, com o objetivo de identificar padrões, lacunas e oportunidades para pesquisas futuras no campo.

Trata-se de uma revisão de escopo sistemática conforme as diretrizes propostas pelo Joanna Briggs Institute (JBI), organização reconhecida no campo de produção e uso de evidência em saúde. As buscas foram realizadas em janeiro de 2025 nas bases PubMed, Lilacs (BVS), Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e Google Acadêmico para estudos publicados entre 2014 e 2024, sem restrição de idioma. Foram localizadas pelas plataformas de busca 786 publicações acadêmicas, as quais foram analisadas independentemente por duas alunas do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. As produções conflitantes foram analisadas por um terceiro revisor, doutorando em Saúde Coletiva na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Ao final do processo, 37 produções foram inclusas nessa revisão de escopo sistemática.

A partir dos 37 estudos incluídos após o processo de seleção, os resultados preliminares apontam que o doador de sangue brasileiro é predominantemente do sexo masculino, com idade entre 18 e 40 anos e ensino superior incompleto ou completo. Predominam primeiras doações, de reposição, motivadas por vontade própria. Resultados referentes a taxa de inaptos a doação, raça, estado civil, orientação sexual e renda estão sendo analisados. Ainda que haja escassez de resultados de pesquisas sobre o perfil dos doadores de sangue brasileiros, conhecer o perfil dos doadores do país pode contribuir no desenvolvimento de estratégias adequadas de captação e fidelização dos voluntários, a fim de manter estoques adequados nos hemocentros. O desenvolvimento de uma revisão de escopo sistemática, portanto, incentiva a elaboração de novas pesquisas sobre o tema a partir de lacunas encontradas na literatura ao mesmo tempo que organiza o conhecimento atualizado sobre o tema no Brasil.