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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID – 818
Acesso de texto completo
PERFIL CLÍNICO-LABORATORIAL E GENÉTICO DA HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA ASSOCIADA AO HFE EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO SUL DO BRASIL
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37
FM Carlotto, TGH Onsten, L Sekine
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, RS, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

A hemocromatose hereditária (HH) é uma doença genética caracterizada por absorção excessiva de ferro intestinal, levando ao acúmulo progressivo do metal em órgãos como fígado, pâncreas e coração. A mutação C282Y no gene HFE é a mais associada a formas clinicamente expressivas. A diversidade genética da população brasileira pode influenciar o fenótipo da doença, ainda pouco caracterizado no nosso país, especialmente na região sul, considerando a imigração italiana, que apresenta alta prevalência de indivíduos com HH.

Objetivos

Descrever o perfil clínico, laboratorial e genético de pacientes com HH associada ao gene HFE atendidos em um hospital universitário do sul do Brasil.

Material e métodos

Estudo retrospectivo com 165 pacientes diagnosticados com HH entre 2010 e 2024. Foram avaliadas variáveis clínicas, laboratoriais e genéticas. Os dados foram analisados por testes não paramétricos e comparações entre grupos por sexo, mutação e padrão de zigose.

Resultados

A maioria dos pacientes era do sexo masculino (67,3%), com média de idade ao diagnóstico de 55,9 anos. Homens apresentaram níveis significativamente mais altos de ferritina (mediana 1.029 ng/mL vs. 613 ng/mL nas mulheres, p < 0,001). A mutação mais prevalente foi a H63D em heterozigose (43%), seguida pela homozigose C282Y (18,8%). Homozigotos C282Y apresentaram maiores níveis de ferritina (média 1523 ng/mL) e saturação da transferrina (85%), com diferenças significativas frente aos demais genótipos (p < 0,001). Pacientes com heterozigose composta C282Y/H63D também apresentaram expressão fenotípica relevante (ferritina > 800 ng/mL; saturação 59,6%). A presença de saturação da transferrina < 45% em indivíduos com mutações patogênicas, inclusive C282Y/C282Y, foi observada, sugerindo limitação dos critérios bioquímicos clássicos para triagem. Não houve diferença de idade no diagnóstico entre os genótipos, mas mulheres foram diagnosticadas mais tardiamente (p = 0,020). Comorbidades como hipertensão (38%), diabetes (21%) e hipotireoidismo (12%) foram comuns. Artralgia foi o sintoma mais frequente (10,8%), mas não se associou ao genótipo.

Discussão e conclusão

Este estudo reforça a expressividade clínica da mutação C282Y em homozigose, mas também evidencia que genótipos considerados de menor risco, como C282Y/H63D e H63D/H63D, podem cursar com sobrecarga significativa de ferro. A diversidade genética e os fatores ambientais locais podem influenciar o fenótipo da HH no Brasil, justificando abordagens diagnósticas adaptadas. A adoção exclusiva de pontos de corte bioquímicos, como saturação > 45%, pode levar ao subdiagnóstico, especialmente em mulheres e heterozigotos.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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