HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA leucemia mieloide aguda (LMA) é uma neoplasia hematológica marcada por heterogeneidade clínica e molecular. Mutações como FLT3-ITD e a PML-RARA impactam o prognóstico. A integração entre peptidômica clínica, espectrometria de massa e aprendizado de máquina oferece uma abordagem inovadora para a identificação de potenciais biomarcadores plasmáticos e estratificação molecular em contextos clínicos.
ObjetivosComparar o perfil peptídico plasmático de pacientes com LMA em relação a controles saudáveis e explorar diferenças associadas à mutação FLT3 e à presença da fusão PML-RARA.
Material e métodosForam analisadas amostras de plasma de 13 pacientes com LMA, atendidos no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e 12 indivíduos controles saudáveis pareados por sexo e faixa etária. Os espectros foram obtidos por espectrometria de massa do tipo Matrix-Assisted Laser Desorption/Ionization – Time of Flight (MALDI-TOF) e processados no software R (pacotes MALDIquant e MALDIquantForeign), com aplicação de transformação logarítmica, suavização (Savitzky- Golay), correção de baseline (TopHat), normalização por TIC, alinhamento e binning. A matriz de intensidades foi submetida a análises supervisionadas com árvores de decisão (CHAID) e regressões logísticas binárias. Para os subgrupos FLT3 e PML-RARA, empregou-se análise de componentes principais (PCA) e o teste de Wilcoxon.
ResultadosCom base na matriz de intensidades gerada a partir dos espectros de plasma processados por MALDI-TOF/MS, aplicou-se uma análise supervisionada para comparação entre pacientes com LMA e indivíduos controles. Três íons apresentaram diferenças estatisticamente significativas (p < 0,001), sendo dois com maior intensidade nos pacientes com LMA e um com menor intensidade. Os íons aumentados mostraram forte correlação positiva entre si e correlação negativa com o íon reduzido. O modelo CHAID demonstrou alta capacidade discriminativa, identificando pontos de corte eficazes para separação entre os grupos. As regressões logísticas confirmaram esses achados com consistência estatística. A análise PCA revelou tendência de separação entre os subgrupos PML-RARA positivo e negativo, enquanto não se observou distinção clara entre pacientes FLT3 positivo e negativo.
Discussão e conclusãoAs variáveis identificadas apresentaram robustez estatística e comportamento biológico compatível com potenciais biomarcadores plasmáticos. A integração de testes estatísticos e modelos supervisionados reforçou a capacidade discriminativa dessas assinaturas na diferenciação entre pacientes com LMA e indivíduos controles. Embora não signifivativa a separação observada entre os subgrupos PML-RARA positivo e negativo, embora preliminar, sugere a existência de assinaturas peptídicas associadas à presença do rearranjo PML-RARA, apontando para sua possível aplicabilidade na estratificação molecular da LMA. A abordagem peptidômica demonstrou elevado potencial para distinguir pacientes com LMA de indivíduos saudáveis, evidenciando assinaturas plasmáticas com potencial valor diagnóstico e/ou prognóstico. Além disso, foi observada boa estratificação molecular associadas ao rearranjo PML-RARA. A combinação entre espectrometria de massa e modelos supervisionados consolida-se como uma estratégia promissora para o diagnóstico e o prognóstico da LMA, com perspectivas de aplicação clínica em contextos do diagnóstico de precisão e medicina personalizada.




