HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO hemograma, exame de baixo custo e ampla disponibilidade, é subutilizado na suspeita diagnóstica precoce das leucemias agudas no Brasil, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. No país, estima-se média anual de 10.810 novos casos de leucemia entre 2020 e 2022. A Leucemia Linfoide Aguda (LLA) predomina em crianças, enquanto a Leucemia Mieloide Aguda (LMA) é mais frequente em adultos e idosos. No Pará, entre 2000 e 2017, a mortalidade média por LLA foi de 1,0/100 mil (feminino) e 1,6/100 mil (masculino), e por LMA de 1,7/100 mil (feminino) e 1,9/100 mil (masculino). O diagnóstico precoce pode elevar a sobrevida para até 85 % em LLA infantil, mas desigualdades regionais e limitações no reconhecimento de achados morfológicos atrasam o encaminhamento para confirmação diagnóstica.
ObjetivosAnalisar o papel do hemograma e das alterações morfológicas na suspeita diagnóstica precoce de LLA e LMA, com enfoque no panorama epidemiológico e nos desafios regionais do Pará e Amazônia.
Material e métodosRevisão integrativa da literatura (2014–2024) nas bases SciELO, PubMed e LILACS. Foram incluídos dados epidemiológicos do Instituto Nacional de Câncer (INCA), DATASUS e estudos regionais sobre leucemias agudas na Amazônia. Foram analisadas estatísticas de incidência, mortalidade e perfil hematológico/morfológico, bem como barreiras no reconhecimento dos achados pelas equipes de saúde.
Discussão e conclusãoEstudos nacionais indicam que o hemograma com análise morfológica identificou corretamente 94 % dos casos de LLA/LMA antes de exames confirmatórios. No Norte do Brasil, foram registrados 4.980 casos de leucemia no período analisado, sendo 57 % LLA e 40 % LMA. No Pará, as taxas de mortalidade mantiveram-se estáveis, mas elevadas, reforçando a necessidade de diagnóstico precoce. Alterações como blastos circulantes, pancitopenia, leucocitose acentuada, anemia normocítica normocrômica, trombocitopenia, granulações tóxicas, núcleo irregular, cromatina laxa, anisocitose e poiquilocitose devem gerar investigação imediata. Iniciativas como o Programa Fevereiro Laranja no Amazonas, que em cinco anos diagnosticou 98 casos de leucemia aguda no interior e aumentou em 30 % os diagnósticos fora da capital, demonstram impacto positivo de estratégias regionais. A falta de capacitação específica para interpretação crítica do hemograma e a carência de especialistas em áreas remotas do Pará permanecem como entraves importantes. O hemograma aliado à análise morfológica é ferramenta fundamental e acessível para a detecção precoce das leucemias agudas, especialmente em regiões com acesso restrito a exames confirmatórios. No Pará e na Amazônia, investir na qualificação profissional, ampliar o acesso a exames laboratoriais e fortalecer programas de rastreamento são medidas essenciais para reduzir desigualdades regionais e melhorar o prognóstico.
Referências:
BRASIL. Fundação Hemoam mapeia casos de leucemias agudas no Amazonas: estudo aponta cura de 54,59% para LLA e 40,23% para LMA. Portal SES-AM, 4 fev. 2020.
Mantovani MM, et al. Leucemias mieloides: avaliação epidemiológica no Brasil. Hematology, Transfusion and Cell Therapy. São Paulo. 2024;46(Supl. 4):S455-S456.
Observatório de Oncologia. Panorama do atendimento ambulatorial e hospitalar dos pacientes diagnosticados com leucemia no Brasil (2009-2018). Observatório de Oncologia, 2020.




