HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosPacientes com doenças hepáticas frequentemente apresentam plaquetopenia de intensidade variável, decorrente de mecanismos multifatoriais. Nos casos mais graves, há necessidade de suporte transfusional, porém, parcela desses indivíduos apresenta incremento plaquetário pós- transfusional inferior ao esperado. Entre os mecanismos envolvidos, destaca-se a desialilação plaquetária, processo pelo qual resíduos de β-galactose expostos na superfície das plaquetas são reconhecidos pelo Receptor Ashwell-Morell (AMR) nas células de Kupffer, promovendo sua depuração acelerada pelo fígado.
Objetivos1) Avaliar a aplicabilidade do Teste de Desialilação Plaquetária (TDP) em pacientes com doenças hepáticas e trombocitopenia. 2) Correlacionar os achados do TDP com os resultados do teste de imunofluorescência plaquetária (PIFT) e sua relação com a refratariedade plaquetária.
Material e métodosEstudo prospectivo conduzido entre março de 2024 e março de 2025, incluindo pacientes com hepatopatias e suspeita de refratariedade plaquetária atendidos em serviço de referência quaternário. O PIFT foi realizado para detecção de anticorpos antiplaquetários, enquanto o TDP baseou-se na marcação de plaquetas com Ricinus communis agglutinin I (RCA-1) e posterior análise por citometria de fluxo.
ResultadosForam incluídos 20 pacientes, dos quais 85% apresentavam cirrose hepática, predominante em homens (92%) e também frequente em mulheres (75%). O TDP foi positivo em 64% dos casos. O PIFT foi negativo em 65% dos pacientes, e, entre estes, 84% apresentaram TDP positivo. Por outro lado, o PIFT foi positivo em 67% dos pacientes com outras comorbidades hepáticas, como falência hepática, neoplasias e colangite. Na análise de associação, 21,4% dos pacientes com PIFT positivo apresentaram TDP positivo, em contraste com 78,6% nos pacientes com PIFT negativo. O teste exato de Fisher indicou associação estatisticamente significativa entre os dois parâmetros (p = 0,038), sugerindo relação inversa entre a desialilação plaquetária e a presença de anticorpos detectados pelo PIFT.
Discussão e ConclusãoA elevada taxa de positividade do TDP, especialmente entre pacientes com PIFT negativo, reforça seu potencial como marcador complementar na investigação da refratariedade transfusional. Esses achados sustentam o uso do TDP como ferramenta diagnóstica auxiliar e indicam perspectivas para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas mais direcionadas na população com hepatopatias e trombocitopenia.




