HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA dengue é uma arbovirose de grande impacto na saúde pública, especialmente em regiões tropicais e subtropicais. No Brasil, a doença tem caráter endêmico, com surtos epidêmicos frequentes que demandam estratégias eficazes de diagnóstico e manejo. O hemograma é uma ferramenta de baixo custo e alta acessibilidade que se destaca no acompanhamento desses pacientes, fornecendo informações valiosas sobre a evolução da infecção. Na região do Oeste do Paraná, a alta incidência de casos nos últimos anos reforça a necessidade de estudos locais que aprofundem o entendimento das manifestações clínicas e laboratoriais da dengue.
ObjetivosAvaliar a frequência e a evolução das alterações hematológicas em pacientes com diagnóstico confirmado de dengue, buscando identificar padrões que possam auxiliar na tomada de decisão clínica e otimizar o manejo dos casos atendidos em um hospital terciário da região.
Material e métodosTrata-se de um estudo retrospectivo, realizado a partir da revisão de prontuários eletrônicos de 185 pacientes submetidos à testagem para dengue entre 01/01/2024 e 31/12/2024. Os pacientes foram testados por diversas metodologias contando com os exames de antígeno NS1, IgM e IgG e biologia molecular por RT-qPCR. Coletaram-se informações demográficas e laboratoriais, com os exames hematológicos realizados em contador automatizado e posterior revisão microscópica. A tabulação e análise de dados foi conduzida no Microsoft Excel®. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer n° 7.610.099.
ResultadosDos 185 pacientes que haviam sido testados para dengue em alguma das metodologias, 121 (65,4%) tiveram diagnóstico confirmado. A maioria era do sexo feminino (58%) e da faixa etária jovem, com 54 pacientes com até 18 anos. O Pronto Socorro foi a principal porta de entrada no hospital, contando com 49% dos casos atendidos de Dengue. A plaquetopenia foi a alteração hematológica mais prevalente, presente em 67% dos pacientes no período mais crítico da infecção (entre o 11° e o 15° dia de sintomas), com posterior tendência à normalização, caindo para 40% após o 16° dia após o início dos sintomas. Em relação à série branca, a leucopenia predominou nas fases iniciais da infecção (31% entre 1 e 5 dias), enquanto a leucocitose tornou-se mais frequente em fases tardias. Quanto ao desfecho dos atendimentos, observou-se que a maioria dos pacientes, 107 indivíduos (88%), evoluíram de forma favorável e receberam alta hospitalar. No entanto, um total de 14 pacientes (12%) evoluíram para óbito, evidenciando a gravidade da infecção. Esses dados ressaltam a importância do acompanhamento clínico rigoroso, especialmente em pacientes com fatores de risco para complicações.
Discussão e conclusãoOs achados reforçam o papel do hemograma como um valioso instrumento de monitoramento. O padrão dinâmico de leucopenia inicial, seguida de possível leucocitose tardia, sugere que o hemograma pode ser um interessante indicador da fase da doença, sendo também importante aliado no acompanhamento e avaliação da gravidade do quadro dos pacientes. A alta prevalência e a recuperação gradual da plaquetopenia são dados cruciais para a estratificação de risco de hemorragias e para a tomada de decisão clínica. Em suma, a análise do perfil hematológico dos pacientes com dengue demonstrou padrões evolutivos clinicamente relevantes. Esses achados reforçam a importância do monitoramento seriado do hemograma como um guia para o manejo mais eficiente e a redução de desfechos desfavoráveis na infecção por dengue.




