HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosHemovigilância ativa é essencial para garantir segurança e eficiência na coleta de hemocomponentes celulares por aférese, contribuindo para identificar falhas e melhorar a experiência do doador — fator crucial para fidelização, especialmente em serviços que buscam manter uma base robusta de doadores.
ObjetivosAvaliar o impacto da ocorrência de eventos adversos (EAs) na satisfação de doadores submetidos à coleta de hemocomponentes plaquetários por aférese no Banco de Sangue da Beneficência Portuguesa (BP) de São Paulo.
Material e métodosEstudo prospectivo com a análise de dados dos registros de doadores submetidos à coleta de hemocomponentes plaquetários por aférese entre Novembro/2024 e Julho/2025, capturados e documentados pelo equipamento Trima Accel™, pela plataforma TOMEs™ e o sistema SBS Web. Foram coletados dados dos procedimentos, ocorrência de EAs, intenção de retorno e níveis de satisfação no momento da coleta. Houve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da BP (CAAE: 80006924.4.0000.5483).
ResultadosForam analisados 713 registros, sendo 91 (12,8%) novos doadores. A maioria dos doadores demonstrou alta satisfação: 81,8% “Muito satisfeitos” (n = 583/713) e 7,3% (n = 52/713) “Muito insatisfeitos”. A doação em si é destacada como o aspecto que os doadores mais gostaram (64,4%; n =459/713). Foi observada frequência de 6,2% (44/713) de EAs, sendo: punção venosa leve (4,1%; 22/713); reação vasovagal leve (1,3%; 9/713); parestesia (0,7%; 5/713); espasmos (0,1%; 1/713). A ocorrência de EAs não impôs impacto imediato sobre a intenção de doar novamente, já que <1% dos indivíduos relataram que não retornariam para doação (0,7%; 5/713) . Além da intenção de retorno, a efetiva volta para uma nova coleta foi estimada. Do total de doadores, 99,3% (708/713) responderam que voltariam a doar novamente e 63,1% (450/713) realmente retornaram. Entre os que tiveram algum EA (6,3%;44/713), 30% (13/44) voltaram a doar novamente. Já entre os doadores sem relatos de EA, 65,3% (437/669) retornaram a doar. As coletas foram, em maioria, de uma dose transfusional (67%), levando, em média (±DP), 80,8 ± 12,5 minutos.
Discussão e conclusãoA elevada taxa de satisfação entre os doadores indica a qualidade do atendimento e a eficácia do procedimento. A taxa de EAs foi baixa e restrita a casos leves. Um estudo conduzido em um hemocentro na região nordeste do país reportou a ocorrência de EAs em 30% das doações de hemocomponentes plaquetários por aférese, índice superior aos 6% observados neste estudo. O processo aprimorado de vigilância ativa e controle de processos pode ter impacto direto nas diferenças descritas. Ainda que alguns eventos tenham resultado na interrupção da coleta 36%; n = 16/44), na maioria dos casos foi obtido volume suficiente para uma dose transfusional.
ReferênciasA coleta de hemocomponentes plaquetários por aférese com o uso do Sistema Trima Accel™, integrada à plataforma TOMEs™, permitiu obter de forma rápida e simplificiada o monitoramento dos níveis de satisfação do doador, identificação e quantificação dos EAs e relacioná-los com a frequência de doação. Embora os EA tenham sido majoritariamente leves e não tenham impactado a intenção de retorno da maioria dos doadores, verificou-se menor taxa de retorno entre aqueles que os experienciaram. Esses achados reforçam a importância da adoção de protocolos de acompanhamento direcionados, a fim de preservar a segurança, promover a fidelização e manter a sustentabilidade dos programas de doação por aférese.




