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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID – 2919
Acesso de texto completo
O RARO FENÓTIPO LU12 NEGATIVO (LU12-) EM UM DOADOR DE SANGUE NO INTERIOR DO ESTADO DO PARANÁ - RELATO DE CASO
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19
RG Costaa, BR Cruzb, CP Arnonic, VP Laforgaa, IC Verdascad
a Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (HEMEPAR), Ponta Grossa, PR, Brasil
b Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Ponta Grossa, PR, Brasil
c Associação Beneficente de Coleta de Sangue (COLSAN), São Paulo, SP, Brasil
d Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (HEMEPAR), Guarapuava, PR, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

De acordo com a Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue (ISBT) o Sistema de grupo sanguíneo Lutheran (ISBT LU 005) possui 29 antígenos. O primeiro antígeno deste Sistema - Lu(a) - foi descrito em 1945 por Sheila T. Callender e Robert Race. Os antígenos LU estão localizados em um par de glicoproteínas, as quais são codificados pelo alelo BCAM localizado no cromossomo 19q13.2 e a molécula é chamada de CD239. Além dos dois antígenos principais, Lu(a) (um antígeno de baixa prevalência) e Lu(b) (um antígeno de alta prevalência), existem mais três pares de antígenos antitéticos: Lu6 e Lu9, Lu8 e Lu14 e Au(a) e Au(b). O antígeno Lu12 foi Identificado em 1973 e recebeu o número subsequente na série de indivíduos Lu(a–b+) que produziram um anticorpo compatível apenas com hemácias Lu(a–b–). Os anticorpos LU são mais frequentemente IgG, sendo geralmente implicados apenas em reações transfusionais hemolíticas tardias leves. Não há dados suficientes disponíveis sobre o significado clínico dos aloanticorpos anti-Lu12, uma vez que pouquíssimos exemplos foram relatados.

Descrição do caso

Doador do sexo masculino, 49 anos, cor branca, múltiplas doações de sangue sem intercorrências. A fenotipagem estendida foi realizada em outubro de 2023, sendo os resultados inicialmente obtidos: ABO/RhD: O negativo, C- c+ E- e+ K- k+ Kp(a)- Kp(b)+ Jk(a)+ Jk(b)+ P1+ Le(a)- Le(b)+ Lu(a)- Lu(b)- M+ N+ S- s+ Fy(a)+ Fy(b)+ Di(a)- . Para os testes foram utilizados os cartões de gel-teste da marca Bio-Rad. Devido ao fenótipo raro Lu(a-b-) foi feita a repetição sorológica usando um lote diferente de cartões de gel-teste DiaClon Antigen Profile I (P₁-Leᵃ-Leᵇ-Luᵃ-Luᵇ-ctl) Bio-Rad, obtendo uma reação fracamente positiva (pó) na coluna contendo o anticorpo anti-Lu(b). A amostra do doador foi enviada ao laboratório de referência, o qual realizou o sequenciamento do gene LU. O sequenciamento dos exons 1, 3 a 11, 14 e 15 e regiões flanqueadoras não apresentaram mutações. No exon 3 foi detectado c.230G/G, base molecular do fenótipo Lu(a-b+). No exon 2 foi identificada a deleção da sequência CGCTTG em homozigose (c.100-105delCGCTTG), a qual resulta no genótipo LU*02.-12.1 e fenótipo LU12-. O sequenciamento dos exons 1, 2 e 3 não apresentou mutações relacionadas ao gene KLF1. O fenótipo extremamente raro de Lu null surge devido à herança homozigótica do gene LU inativo. As hemácias desses indivíduos não expressam antígenos LU e podem produzir anticorpos anti- Lu3, reagindo com todas as hemácias, exceto aquelas de indivíduos Lu(a–b–). O fenótipo In(Lu) é outro grupo raro com expressão extremamente fraca de antígenos LU detectáveis apenas por adsorção/eluição ou previstos por técnicas moleculares. In(Lu) é o resultado de mutações no gene KLF1 do fator de transcrição eritroide. No caso descrito o doador não apresentou as mutações em KLF1, as quais poderiam justificar a fraca expressão do antígeno Lu(b). Porém, neste caso o doador apresentou a mutação responsável pelo raríssimo genótipo LU*02.-12.1. Não há evidências suficientes na literatura pesquisada que possam fundamentar a relação entre este fenótipo raro e a fraca expressão do antígeno Lu(b) nos testes sorológicos.

Conclusão

O fenótipo Lu12 negativo é muito raro e pouco estudado, a influência da deleção que resulta neste fenótipo sobre a expressão dos demais antígenos do Sistema Lutheran permanece sem evidências claras. Pesquisas adicionais são necessárias para compreender os efeitos desta alteração molecular sobre a expressão dos antígenos do Sistema Lutheran.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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