HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs doenças hematológicas não neoplásicas abrangem um grande número de doenças e condições, incluindo distúrbios trombóticos e hemorrágicos; distúrbios da hemoglobina, como a anemia falciforme; trombocitopenia; distúrbios do metabolismo do ferro; condições hematológicas obstétricas; doenças hematológicas genéticas raras, entre outras. Essas doenças podem comprometer a qualidade de vida e levar os portadores ao óbito. Apesar disso, há poucos estudos avaliando o perfil epidemiológico dos óbitos causados por esse grupo de doenças tanto a nível nacional, quanto mundial.
Objetivosestabelecer o perfil epidemiológico dos óbitos causados por doenças hematológicas não neoplásicas no Brasil no período de 2018 a 2023.
Material e métodosO presente estudo tem caráter descritivo e retrospectivo, utilizando dados obtidos no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), disponível na plataforma DATASUS, referentes ao período de 2018 a 2023. Foram analisadas informações sobre óbitos relacionados às doenças hematológicas não neoplásicas classificadas conforme os códigos da CID-10, no intervalo de D50 a D75. As condições incluídas englobam: anemias carenciais, anemias por distúrbios enzimáticos, hemoglobinopatias falciformes, anemias hemolíticas adquiridas, anemias aplásticas, coagulação intravascular disseminada, púrpuras e outras desordens hemorrágicas, além de agranulocitose. Os autores declaram não haver conflitos de interesses.
ResultadosForam registrados 42568 óbitos por doenças hematológicas não neoplásicas no Brasil no período analisado. As causas mais frequentes incluíram outras anemias (30,2%), outras anemias aplásticas (12%), outros defeitos de coagulação (9,7%), púrpura e outras afecções hemorrágicas (8,4%), transtornos falciformes (7%). Os óbitos estiveram mais concentrados na faixa etária de 80 anos e mais (28%). As taxas de mortalidade apresentaram variação de acordo com a região analisada. Taxas mais elevadas foram encontradas nas regiões nordeste e centro-oeste para o CID-10 D57, sudeste para o CID-10 D61, nordeste e sudeste no CID-10 D64, sul e centro-oeste no CID-10 D68. As maiores taxas de mortalidade foram encontradas nos casos de outras anemias (CID-10 D64) com médias variando de 10 a 14 óbitos a cada 1 milhão de habitantes nas regiões nordeste e sudeste. As taxas mais baixas envolveram casos de transtornos falciformes especialmente nas regiões Sul e Norte (menos de um caso a 2 casos a cada 1 milhão de habitantes).
Discussão e conclusãoOs achados evidenciam desafios urgentes para a saúde pública brasileira, demandando intervenções regionalizadas e prioritárias: a elevada carga das anemias, especialmente CID-10 D64, exige fortalecimento do rastreamento nutricional e manejo de comorbidades na atenção primária, com foco no Nordeste e Sudeste; a disparidade na mortalidade por doença falciforme entre Nordeste/Centro-Oeste e Norte/Sul requer ampliação da rede especializada; a vulnerabilidade de idosos aponta para a necessidade de protocolos hematogeriátricos integrados; e as variações regionais em coagulopatias e anemias aplásticas podem indicar falhas na descentralização de serviços complexos. Portanto, reduzir mortes evitáveis exigirá equidade no acesso a tratamentos, vigilância epidemiológica aprimorada e ações intersetoriais voltadas às populações negligenciadas, transformando evidências em políticas efetivas.
Referências:
DATASUS. ([s.d.]). Gov.br. Recuperado 4 de agosto de 2025, de https://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude-tabnet/




