HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA anemia aguda pós-hemorrágica é uma emergência médica comum em traumas, cirurgias e intercorrências obstétricas, na qual a transfusão de concentrado de hemácias é fundamental para reposição volêmica e oxigenação tecidual. Embora disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), fatores como a demora na liberação do sangue, baixa disponibilidade de estoques e dificuldades de compatibilidade podem comprometer a eficácia do atendimento. Nesse contexto, analisar o impacto da transfusão sanguínea torna-se essencial para compreender o papel dessa intervenção na atenção hospitalar e na redução da mortalidade.
ObjetivosAvaliar a mortalidade por anemia aguda pós-hemorrágica no Brasil no período de 2019 a 2023 e analisar a correlação com a produção ambulatorial de transfusões.
Material e métodosTrata-se de um estudo epidemiológico, retrospectivo, descritivo e quantitativo. Os dados foram extraídos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e da Produção Ambulatorial (SIA), disponíveis no DATASUS. Foram coletados os números de óbitos por anemia aguda pós hemorrágica (CID-10: D62) e dos procedimentos de transfusão de concentrado de hemácias realizados entre 2019 e 2023. As variáveis analisadas incluíram ano de óbito por região, faixa etária, sexo, cor/raça e local de residência das transfusões.
ResultadosNo período analisado, foram registrados 407 óbitos por anemia aguda pós-hemorrágica no Brasil. Os anos com maior número de mortes foram 2019 (101), 2021 (86) e 2020 (80). As regiões Sudeste (197) e Nordeste (131) concentraram a maior parte dos óbitos, sendo que os estados com mais registros foram: Rio de Janeiro (84), São Paulo (64) e Minas Gerais (47). Quanto à faixa etária, observou-se maior ocorrência entre indivíduos com 80 anos ou mais, totalizando 104 mortes. O sexo masculino apresentou um número ligeiramente superior de óbitos (210) em comparação ao feminino (197). Quanto à cor, a maioria dos óbitos ocorreu entre pessoas brancas, totalizando 187 casos. Nesses cinco anos, foram registrados 1.553.412 transfusões de concentrado de hemácias. Os anos com maior volume foram em 2021 (316.977) e 2022 (316.449). A região Sudeste concentrou a maior parte desses procedimentos, somando 724.563, com destaque para os estados de São Paulo (417.331), Rio de Janeiro (158.418) e Minas Gerais (114.969). Em relação ao sexo, as mulheres receberam mais bolsas de sangue (795.743) do que os homens (757.669). A maior demanda ocorreu entre pessoas com idade entre 60 e 69 anos, que somaram 148.236 atendimentos.
Discussão e conclusãoOs óbitos por anemia aguda pós-hemorrágica concentraram-se, principalmente, nas regiões Sudeste e Nordeste e em idosos com 80 anos ou mais. Observou-se maior número de mortes entre indivíduos do sexo masculino e pessoas brancas. Os anos de 2021 e 2022 registraram o maior volume de transfusões de concentrado de hemácias. A elevada mortalidade em regiões com grande número de transfusões, como o Sudeste, e entre idosos, sugere que a quantidade de procedimentos, isoladamente, não é suficiente para reduzir os óbitos. Ressalta-se que o DATASUS não disponibiliza informações sobre a cor dos pacientes nem sobre a causa que motivou a necessidade das transfusões. O presente estudo evidencia que, embora a transfusão de concentrado de hemácias seja uma intervenção essencial e amplamente utilizada na atenção hospitalar, ela nem sempre é suficiente para evitar os óbitos por anemia aguda pós-hemorrágica.




