HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO ferro desempenha um papel essencial nos processos fisiológicos do organismo humano, estando diretamente envolvido na eritropoese, no transporte de oxigênio, na síntese de DNA e na atividade enzimática intracelular. No contexto hemoterápico, a deficiência de ferro em doadores de sangue representa um desafio crítico, pois compromete a saúde do voluntário e a segurança transfusional. O reconhecimento precoce dessa condição é indispensável para prevenir a depleção das reservas de ferro, principalmente em doadores habituais, evitando a progressão para quadros de anemia ferropênica.
ObjetivosAnalisar a prevalência e o perfil epidemiológico da deficiência de ferro em candidatos à doação de sangue atendidos no Hemocentro Coordenador do Estado de Sergipe (HEMOSE), no ano de 2024.
Material e métodosTrata-se de um estudo transversal, retrospectivo e descritivo, baseado na análise dos registros laboratoriais da triagem hematológica dos candidatos à doação de sangue, compreendendo o período de janeiro a dezembro de 2024. Os dados foram obtidos da base informatizada institucional e processados por meio de estatística descritiva, com categorização por sexo, local de residência e frequência do tipo de doador (primeira vez ou repetido). O parâmetro utilizado para diagnóstico da deficiência de ferro baseou-se nos critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020) e nas normativas vigentes do Ministério da Saúde.Durante o ano de 2024, foram registradas 14.562 doações, das quais 698 doadores (4,7%) apresentaram deficiência de ferro. Dentre estes, 83,3% (583) eram do sexo feminino e 16,4% (115) do sexo masculino, revelando um predomínio significativo entre as mulheres. Em relação ao local de residência, 59,7% (n = 412) dos casos eram oriundos de áreas urbanas e 40,2% (n = 277) de áreas rurais. A prevalência foi maior entre doadores frequentes, sugerindo um esgotamento progressivo das reservas de ferro em virtude de doações sucessivas.
Discussão e conclusãoA elevada taxa entre os doadores habituais reforça a necessidade de estratégias preventivas que incluam: Monitoramento regular dos níveis de ferritina; Intervalos maiores entre doações; Suplementação de ferro quando indicada. Embora os critérios hemoglobínicos da triagem excluam anemias evidentes, não impedem a aprovação de doadores com sideropenia subclínica. Assim, a avaliação mais ampla dos estoques de ferro deve ser considerada como ação de segurança hemoterápica.A deficiência de ferro permanece como condição prevalente entre candidatos à doação, especialmente do sexo feminino e doadores frequentes. O presente estudo destaca a importância da vigilância laboratorial e da educação em saúde como pilares para garantir a integridade clínica do doador e a sustentabilidade do processo transfusional.
Referências:
WHO. WHO guideline on use of ferritin concentrations to assess iron status in individuals and populations. Geneva: World Health Organization, 2020.
Rigas AS, Pedersen OB, Magnussen K, Erikstrup C, Ullum H. Iron deficiency among blood donors: experience from the Danish Blood Donor Study and from the Copenhagen ferritin monitoring scheme. Transfus Med. 2019;29(S1):23–27.
Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação n° 5 de 28 de setembro de 2017. Brasília: MS, 2017.
Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Manual de triagem clínica para doadores de sangue. ANVISA, 2021.




