Os linfomas não Hodgkin são um complexo de grupo de malignidades que podem progredir para uma massa extranodal, que embora raro pode envolver áreas anatômicas da região de cabeça e pescoço. Até 2020 havia apenas 30 casos publicados na literatura. Em região bucal pode acometer comumente gengiva, vestíbulo oral, palato, trígono retromolar e ventre lingual. O conhecimento sobre as manifestações clínicas dessa doença pelo cirurgião-dentista pode contribuir para um diagnóstico precoce e para um manejo adequado, aumentando a sobrevida do paciente. O presente estudo objetiva apresentar um relato de caso clínico de manifestação bucal em adolescente diagnosticado com linfoma não Hodgkin anaplásico de grandes células T.

Paciente de 17 anos, masculino, leucoderma, que iniciou com lombalgia e nódulo duro, vermelho, bem delimitado, não doloroso em fossa supraclavicular esquerda. O quadro evoluiu com piora, acometendo membros inferiores, sendo solicitado tomografia computadorizada, que evidenciou lesões em estruturas ósseas de tórax e crânio, e biópsia/imuno-histoquímica, laudado como Linfoma não Hodgkin anaplásico de grandes células T ALK positivo. Ao exame físico intraoral observou-se a presença de nódulo avermelhado, de consistência flácida, de 1 cm de diâmetro em região vestibular do canino inferior permanente do lado esquerdo e ulceração em região de gengiva palatina do primeiro molar superior permanente do lado direito, local onde foi realizado a biópsia anteriormente. Após o início da quimioterapia houve a regressão completa da lesão em cavidade bucal.

Esse trabalho ressalta a importância do conhecimento do cirurgião-dentista com relação à condução do diagnóstico de manifestações bucais relacionadas com desordens sistêmicas, proporcionando uma detecção precoce da neoplasia como neste caso.