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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 2096
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MANEJO DE GESTANTES COM LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA EM USO DE INIBIDORES DE TIROSINOQUINASE: EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO PÚBLICO BRASILEIRO
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28
KMd Amaral, JFdS Junior, AV Coelho, ÉI Guilherme, GRdO Medeiros, ALV Mion, DC Setubal, I Menezes, V Funke
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

A leucemia mieloide crônica (LMC) é uma neoplasia mieloproliferativa caracterizada pela fusão gênica BCR-ABL1, que leva à ativação constitutiva da tirosinoquinase e proliferação clonal de células mieloides. O tratamento de primeira linha é baseado em inibidores de tirosinoquinase (ITQs), como imatinibe, dasatinibe e nilotinibe. Contudo, durante a gestação, esses fármacos são contraindicados devido ao seu potencial teratogênico, tornando necessária a substituição por terapias mais seguras e o manejo individualizado, o que se torna especialmente desafiador no contexto do sistema público de saúde.

Objetivos

O objetivo deste trabalho foi descrever o manejo terapêutico e os desfechos materno-fetais de gestantes com LMC acompanhadas no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR), destacando a experiência institucional e as estratégias adotadas diante das restrições terapêuticas na gestação.

Material e métodos

Este é um estudo retrospectivo descritivo envolvendo 15 gestantes com diagnóstico confirmado de LMC acompanhadas no HC-UFPR. A identificação dos casos ocorreu por revisão de prontuários e registros eletrônicos. Foram coletados dados sobre idade materna, fase da doença, histórico terapêutico, modificações de tratamento durante a gestação, desfechos maternos (progressão da doença, resposta hematológica) e desfechos fetais, quando disponível (tipo de parto, intercorrências, malformações e óbito fetal).

Resultados

A idade das pacientes variou entre 21 e 44 anos. Todas estavam em fase crônica no início da gestação. Todas interromperam ITQs ao confirmar gravidez. O manejo incluiu o uso de interferon alfa durante toda a gestação, considerado seguro neste contexto, e hidroxiureia em situações selecionadas para controle citorreducional, especialmente nos casos de leucocitose acentuada. Houve acompanhamento multidisciplinar e conjunto da hematologia e obstetrícia de alto risco. Não foi observada progressão da LMC para fase acelerada ou blástica durante a gestação; houve controle satisfatório da contagem celular e ausência de eventos adversos graves relacionados ao tratamento. Em termos de desfechos fetais, houve 1 caso de má-formação cardíaca e 1 caso de abortamento espontâneo na 10ª semana (cuja causa não pôde ser determinada, impossibilitando atribuir o evento à LMC, ao uso de interferon ou ao tratamento prévio com ITQ); os demais recém-nascidos apresentaram peso e vitalidade adequados para a idade gestacional.

Discussão e conclusão

A experiência do HC-UFPR reforçou que a suspensão imediata dos ITQs, com substituição por agentes seguros como o interferon alfa (reconhecido por sua segurança em todas as fases gestacionais) e, de forma restrita, a hidroxiureia para controle rápido de leucocitose, permite manter o controle da doença e minimizar riscos materno-fetais. Os resultados obtidos corroboram achados da literatura internacional, indicando que a manutenção da resposta hematológica é viável sem aumento significativo de complicações graves. No entanto, o acesso irregular ao pré-natal especializado e a dificuldade de obtenção de medicamentos como o interferon ainda representam barreiras relevantes no contexto do SUS, reforçando a necessidade de protocolos bem definidos e acompanhamento multidisciplinar para otimizar os desfechos em gestantes com LMC.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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