HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosOs linfomas são neoplasias malignas decorrentes da proliferação clonal de linfócitos B, T e células NK, representando cerca de 5% de todos os cânceres (Thandra et al., 2021). São classificados em linfoma de Hodgkin e linfoma não-Hodgkin (LNH), com base em características morfológicas, imunofenotípicas, genéticas e clínicas (Statpearls et al., 2023). O linfoma difuso de grandes células B (DLBCL) é o mais comum entre os LNH, correspondendo a 30% dos casos (Medscape et al., 2025). Caracteriza- se pela proliferação de linfócitos B com padrão de crescimento difuso, podendo acometer regiões nodais e extranodais, como a cavidade oral e orofaringe. A base da língua é uma localização rara, representando cerca de 1% dos linfomas primários nesse sítio (Lim et al., 2012). Clinicamente, o DLBCL pode se manifestar como lesão indolor com sintomas inespecíficos, dificultando o diagnóstico precoce (Silva et al., 2016). Dado seu comportamento agressivo e a raridade desse acometimento, este relato descreve um caso de DLBCL com apresentação exclusiva em base lingual, destacando a importância da suspeita clínica diante de lesões orais atípicas, especialmente em pacientes com histórico oncológico.
Descrição do casoMulher, 73 anos, com antecedente de carcinoma ductal de mama esquerda (estágio IIA, subtipo luminal B), tratada com mastectomia em 2011 e tamoxifeno até 2022, procurou atendimento odontológico após notar nódulo na base da língua. Referia hipogeusia e perda ponderal de 17 kg, sem dor ou inapetência. Ao exame, observaram-se lesões na base da língua, sendo indicada biópsia. O histopatológico confirmou DLBCL (subtipo centro germinativo, bom prognóstico – IPI: 1). PET-CT evidenciou captação hipermetabólica na base da língua e linfonodomegalias cervicais esquerdas (níveis IIA, IIB e III), com maior linfonodo de 1,4 cm. Iniciado tratamento com R-CHOP, bem tolerado. O PET-CT interino de reavaliação, realizado após quatro ciclos, demonstrou resposta metabólica completa (Deauville 2. A paciente segue em acompanhamento, assintomática e com exames laboratoriais estáveis.
ConclusãoDiscussão: A apresentação clínica de linfomas em cavidade oral, especialmente na base da língua, costuma ser sutil e inespecífica e, quando associada à raridade dessa localização, torna o diagnóstico ainda mais desafiador, sobretudo em fases iniciais da doença. A presença de lesões indolores associadas à hipogeusia, como evidenciado na paciente em questão, pode ser subestimada ou atribuída a condições benignas, o que retarda a investigação adequada (Silva et al., 2016). No entanto, a detecção precoce da lesão foi um dos fatores que possibilitaram o desfecho favorável observado. O perfil favorável da neoplasia, evidenciado pela origem centro germinativo e baixa pontuação no IPI, respaldou a escolha do esquema R-CHOP como tratamento inicial. A resposta metabólica completa (Deauville 2) está associada à remissão sustentada e sobrevida livre de progressão (Yau et al., 2024). Apesar da localização rara, o tratamento seguiu diretrizes padrão, reforçando que a estratificação adequada pode levar a excelentes desfechos, mesmo em apresentações incomuns. Conclusão: Este raro caso de DLBCL primário de base de língua reforça a importância do reconhecimento de apresentações atípicas e do diagnóstico precoce, elementos essenciais para a obtenção de desfechos favoráveis, além de evidenciar a necessidade de considerar o linfoma no diagnóstico diferencial de massas orais em pacientes idosos.




