HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO linfoma extranodal de células NK/T do tipo nasal (ENKTCL-NT) é uma neoplasia rara e agressiva, caracterizada por um comportamento infiltrativo e destrutivo. Frequentemente, acomete o palato duro, palato mole e regiões adjacentes, manifestando-se clinicamente por perfuração palatina, necrose e dor.
Descrição do casoPaciente do sexo feminino, 33 anos, procurou atendimento odontológico devido ao surgimento de uma lesão no palato duro. Após avaliação médica, foi realizada biópsia incisional, cujo exame histopatológico com hematoxilina-eosina revelou linfoproliferação. A análise imuno-histoquímica evidenciou positividade para CD2, CD3, CD4, CD5, CD7, CD8 e um índice de proliferação celular (Ki-67) de 80%, confirmando o diagnóstico de linfoma extranodal de células T/NK, subtipo nasal. O tratamento inicial consistiu em quimioterapia combinada pelos protocolos mSMILE (dexametasona, metotrexato, ifosfamida, etoposideo e peg-asparaginase) e MADIT intratecal. Ambos os protocolos resultaram em resposta metabólica completa, avaliada pelo escore de Lugano 1 na escala de Deauville. Foi indicado, então, o transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas. A tomografia computadorizada de feixe cônico da maxila, realizada previamente ao transplante, evidenciou solução de continuidade do palato duro e comunicação buco-nasal. Após a quimioterapia, permaneceu uma lesão ulcerada de aspecto crateriforme, com bordas eritematosas e centro necrótico, medindo aproximadamente 2,0 × 1,5 cm, localizada na linha média do palato duro. Durante o transplante, a paciente recebeu acompanhamento odontológico especializado, apresentando mucosite oral grau 3, odinofagia, disgeusia e xerostomia. O manejo desses efeitos adversos incluiu fotobiomodulação intraoral diária com laser de diodo (DMC Therapy, 1 J por ponto). Três meses após o procedimento, foi detectada recidiva da neoplasia, e a paciente encontra-se em processo de reestadiamento.
ConclusãoEste caso destaca a relevância da avaliação das manifestações bucais como possível sinal inicial de alterações linfoproliferativas. A recidiva precoce reforça a elevada agressividade biológica do ENKTCL-NT e a necessidade de um rigoroso acompanhamento clínico pós-tratamento. A intervenção odontológica, incluindo a fotobiomodulação, mostrou-se fundamental para o manejo das complicações orais, contribuindo para a manutenção da qualidade de vida da paciente.




