HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosOs linfomas não-Hodgkin são as neoplasias hematológicas mais comuns e compõe um grupo heterogêneo de entidade, este grupo compreende tanto entidades indolentes quanto entidades agressivas, como o Linfoma difuso de grandes células B (LDGCB), para a estratificação de risco dessa neoplasia, alguns marcadores podem ser analisados como é o caso do CD5, cuja positividade atribui maior taxa de recidiva e resistência ao tratamento.
ObjetivosDefinir o perfil epidemiológico e revisar as características histopatológicas dos casos de LDGCB CD5 positivo (LDGCB CD5+) na população de um centro de referência em São Paulo.
Material e métodosForam analisados os casos que receberam o diagnóstico de LDGCB e tiveram expressão de CD 5 positivo relatada no laudo anatomopatológico entre os anos de 2014 e 2023, as lâminas histológicas foram extraídas do arquivo do departamento de anatomia patológica (DAP) e então foram avaliadas as características morfológicas e imunofenotípicas. Além disso, foram coletas as informações epidemiológicas dos pacientes incluídos no estudo, como idade e sexo.
ResultadosForam identificados 32 casos no arquivo interno do DAP. A maioria dos casos ocorreu em homens (56,25%) e a média de idade foi de 64,5 anos. Os sítios extranodais foram os mais acometidos pela doença (75%), sendo a região de cabeça e pescoço a mais frequentemente acometida (29,17%). Doença nodal foi observada em 25% dos casos e o gânglio mais acometido foi o da região axilar (87,5% dos casos). Todos os espécimes revisados tinham padrão de crescimento difuso e a maioria deles apresentava celularidade monomórficas (50%) e padrão nuclear imunoblástico (65,62%). Em todos os casos as células neoplásicas apresentaram imunofenótipo de células B, com expressão de CD5 e pelo algoritmo de Hans, o predomínio foi de células do tipo não-centro germinativo (NCG) (62,5%) e dos casos que tiveram a pesquisa de BCL-2 e c-MYC por imunoistoquímica, cerca de 62,5% dos casos foi duplo expressor.
Discussão e conclusãoO perfil de pacientes com LDGCB CD5+ costuma ser de pacientes mais idosos e geralmente são do tipo NCG, com perfil molecular do tipo MCD, características que apontam para o pior prognóstico. A maior agressividade do LDGCB CD5+ tem encorajado o detalhamento dos mecanismos moleculares desse grupo a fim de encontrar um alvo terapêutico, uma vez que, tanto o transplante de células tronco quanto o regime de quimioterapia com dose ajustada não apresentaram melhor desfecho. Postula-se que a via dependente do receptor de células B mediado pelo CD5 esteja desregulada e prolongue a vida das células neoplásicas e com isso os inibidores de tirosino-quinase de Burton (IBTK) têm sido estudados para o tratamento dessas neoplasias, em especial no contexto de LDGCB com perfil NCG. Ademais, o acometimento do sistema nervoso central também está sendo investigado com diferentes regimes de tratamento, tanto no contexto de profilaxia quanto no tratamento de recidiva da doença. Apesar de não ser mais considerado um subgrupo pela classificação de tumores hemato-linfoides da Organização Mundial da Saúde, 5ª edição, o LDGCB CD5+ continua a ser um grupo que tem estimulado estudos, devido seu prognóstico ruim. O presente estudo demonstra que o perfil de LDGCB CD5+ é de pacientes com mais de 60 anos e do sexo masculino e acomete predominantemente sítios extranodais, e que pela imunoistoquímica demonstram ser do tipo NCG e duplo expressor.




