Compartilhar
Informação da revista
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 1956
Acesso de texto completo
LINFOMA ANAPLÁSICO DE GRANDES CÉLULAS ALK NEGATIVO RELACIONADO A PRÓTESE MAMÁRIA: UM RELATO DE CASO
Visitas
24
AC Molon, GCL Bellini, LM Lorenzini, VB Gonçalves, N Santini, EMK Theodoro, GS Schramm, CM Dal Zotto, E Thomé, GR Bosi
Universidade de Caxias do Sul (UCS), Caxias do Sul, RS, Brasil
Este item recebeu
Informação do artigo
Suplemento especial
Este artigo faz parte de:
Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

Mais dados
Introdução

O linfoma anaplásico de grandes células associado a implante mamário (BIA-ALCL) é uma neoplasia rara de células T. Está fortemente associado a implantes mamários texturizados, utilizados em cirurgias estéticas ou reconstrutivas. Embora sua incidência seja baixa, o número de casos relatados tem aumentado, refletindo maior vigilância clínica e conhecimento médico.

Objetivo

Relatar um caso de linfoma anaplásico de grandes células ALK-negativo associado a implante mamário, destacando os aspectos clínicos, diagnósticos e conduta adotada.

Descrição do caso

Paciente do sexo feminino, 66 anos, previamente hígida, procurou atendimento médico por dor mamária à esquerda de início insidioso associado a sinais flogísticos e aumento de volume progressivo da mesma mama. Tem histórico de mamoplastia de aumento há aproximadamente 10 anos, com implantes de silicone texturizados bilaterais. Foi realizada punção aspirativa ecoguiada da mama esquerda, por equipe assistente, cujo material foi encaminhado para análise citológica e imunohistoquímica. O exame histopatológico revelou proliferação de grandes células linfoides atípicas, compatível com linfoma anaplásico de grandes células. A imunohistoquímica mostrou positividade para CD30 e ausência de expressão da proteína ALK, confirmando o diagnóstico de linfoma anaplásico de grandes células ALK- negativo associado a implante mamário. A paciente foi encaminhada ao serviço de mastologia e submetida à retirada bilateral das próteses com capsulectomia total. Em avaliação subsequente com hematologia, foi solicitado PET-CT para estadiamento, que evidenciou discreto aumento do metabolismo em ambas as mamas, sem linfonodomegalias ou outros focos hipermetabólicos. Diante da ausência de doença residual ou disseminada, foi adotada conduta conservadora com plano terapêutico de reavaliações trimestrais no primeiro ano, com exame físico, exames laboratoriais e imagem mamária de controle. Após 30 meses de seguimento, a paciente permanece assintomática, sem sinais de recidiva ou progressão da doença, com exames dentro da normalidade.

Discussão

O BIA-ALCL é geralmente indolente e restrito à cápsula do implante. A principal hipótese patogênica envolve inflamação crônica mediada por biofilme bacteriano na superfície texturizada, podendo levar à transformação maligna de células T. A incidência varia amplamente entre países, entre 1:3.000 e 1:3.000.000, refletindo subnotificação, diferenças genéticas e uso de tipos distintos de implantes. O tratamento de escolha nos casos localizados é a remoção completa do implante e da cápsula, frequentemente curativa. Casos disseminados podem exigir quimioterapia. A concomitância de outras neoplasias, como o carcinoma papilífero de tireoide, é pouco descrita, mas reforça a importância da avaliação oncológica ampla.

Conclusão

Apesar de raro, o BIA-ALCL deve ser considerado em pacientes com implantes, especialmente texturizados, que apresentem aumento de volume mamário, seroma ou massa. O diagnóstico precoce e a retirada completa do implante oferecem excelente prognóstico. Este caso ressalta a importância da abordagem multidisciplinar e do seguimento prolongado para monitoramento de recidiva e outras neoplasias associadas.

O texto completo está disponível em PDF
Baixar PDF
Idiomas
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Opções de artigo
Ferramentas