HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO objetivo principal deste relato é detalhar uma manifestaçao cutânea atípica durante quimioterapia de indução em pacientes com LPA de risco intermediário.
Descrição do casoPaciente do sexo feminino, 45 anos, história de câncer de mama tratada com RT e uso de Tomoxifeno admitida no serviço de hematologia com quadro de pancitopenia, equimoses espontâneas em coxas, sangramento gengival, hematoquezia e emagrecimento de 5 kg em 15 dias. O exame físico inicial demonstrou palidez cutâneo- mucosa, febre e hipotensão. Hemograma com anemia (Hb 7,4 g/dL), leucopenia (760 leucócitos/µL) com presença de 7% de peomielócitos e plaquetopenia (56.000/µL). A investigação medular confirmou o diagnóstico de LPA, com mielograma e biópsia evidenciando hipercelularidade (89,1%) e proliferação de promielócitos atípicos. A imunofenotipagem identificou fenótipos compatíveis (CD13++, CD33++, CD117+, cMPO++), cariótipo 46,XX,t(15;17)(q24;q21)[14]/46,XX[2] e a pesquisa molecular confirmou a translocação PML-RARA, enquanto outros marcadores como BCR-ABL, FLT3 e NPM1 foram negativos. A paciente iniciou à indução quimioterápica com ATRA (45 mg/m2) e daunorrubicina (110 mg em dias alternados totalizando 4 doses), com pausa temporária do ATRA por 3 dias devido ao aparecimento de placas eritematosas de aspecto vesicular em pele que evoluíram para nódulos dolorosos eritematosos em membro superiores, região cervical e pé direito associado a febre e intensa dor local. A biópsia identificou infiltrado neutrofílico intenso, sendo achado sugestivo de Síndrome de Sweet e afastado outras causas como infeções de partes moles e vasculite. Tratada com prednisona 40 mg/dia por 6 dias, com melhora clínica e cutânea significativa e cessação da febre. Ainda no cenário de indução a paciente evoluiu com trombose venosa superficial em veia cefalica de membro superior direito, necessitando uso de anticoagulaçao. Atualmente, a paciente encontra-se estável, afebril, com regressão das lesões cutâneas, após termino da indução.
ConclusãoO caso ilustra o desafio diagnóstico de uma manifestação cutânea atípica em contexto de uma indução quimioterápica de leucemia promielocítica aguda, com uso de drogas que podem cursar com farmacodermia, imunossupressão e infecções além de eventos imunológicos e trombóticos associados. A Síndrome de Sweet é uma doença inflamatória rara, caracterizada pelo surgimento abrupto de lesões cutâneas dolorosas (placas ou nódulos eritematosos, edematosos, com aspecto "pseudo vesicular") associadas a febre, leucocitose e infiltrado neutrófilico denso na pele. Foi descrita pela primeira vez em 1964 por Robert Sweet, sendo considerada uma reação de hipersensibilidade a estímulos variados, como infecções, neoplasias ou medicamentos. As principais manifestações inclui lesões cutâneas de aspecto a placas vermelhas ou púrpuras, bem demarcadas, frequentemente em face, pescoço, membros superiores e tronco (simulando infecções ou vasculite), febre (50-80% dos casos), dor local e artralgia. Pode acometer também mucosas levando a manifestações conjuntivais e orais. Confirmam o diagnóstico critérios clínicos e histopatólogicos e a exclusão de outras causas (infecções, vasculite, pioderma gangrenoso).
Referência:
Azulay RD, Azulay DR, Azulay-Abulafia L. Dermatologia. 7th ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2017.




