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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 3225
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LEISHMANIOSE VISCERAL EM PACIENTE COM LEUCEMIA AGUDA DE FENÓTIPO MISTO: RELATO DE CASO
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TR Evangelistaa, LGF Limaa, J Severoa, CCL Silvaa, BG Campelloa, MCDM Cahua, AQMS Arouchaa, VECB Dantasa, HC Mouraa, MFH Costab
a Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), Recife, PE, Brasil
b Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, PE, Brasil
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HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

A Leishmaniose visceral é doença potencialmente fatal com prevalência no norte e nordeste do Brasil com transmissão causada pela picada de flebotomíneos, enquanto que a Leucemia aguda de fenótipo misto é um subtipo raro de leucemia aguda com coexistência de marcadores celulares mieloides e linfoides, de causa não muito bem esclarecida, mas que envolve fatores genéticos e ambientais. Esta última é subdividida em bifenotípica, quando uma mesma população de blastos expressa marcadores de mais de uma linhagem, e em bilinear, quando dois grupos de blastos preenchem os critérios de diferentes linhagens. A ocorrência das duas doenças é rara e este caso clínico serve de alerta para o diagnóstico diferencial em áreas endêmicas desta associação, uma vez que a leishmaniose também apresenta alterações hematológicas importantes.

Descrição do caso

Mulher, 68a, leucemia aguda bilinear diagnosticada em maio de 2024 (mielograma 75% de blastos mieloides), imunofenotipagem de medula óssea blastos mieloides 47% e linfoides B 18,3%, cariótipo 45,XX,-7[5]/46,XX[15], pesquisa da mutação BCR-ABL p190 negativa, alto risco de reativação de vírus B pelo perfil sorológico (anti-HBC total reagente e HbsAg negativo), iniciado entecavir profilático e esquema alternativo de tratamento quimioterápico em paciente idosa (Viale A: Venetoclax + Azacitidina). Após 3 ciclos, evoluiu com citopenias intensas e sustentadas. Avaliação de resposta em setembro de 2024 mostrou estudo de Doença Residual Mínima (DRM) com 5,37% de blastos mieloides e subpopulações linfocitárias dentro da normalidade, porém mielograma com 16% de blastos e grandes grupos de leishmanias. Realizou tratamento específico para leishmaniose visceral com anfotericina B convencional por 2 dias iniciais e os próximos 7 dias seguintes anfotericina B lipossomal, sendo reiniciado protocolo quimioterápico em sequência apenas com venetoclax devido falta de abastecimento da azacitidina nesse período (via judicial). Persistiu as citopenias intensas nos meses seguintes, e a nova reavaliação de medula óssea em março de 2025 não identificou parasitas, porém visualizou 31% de blastos mieloides pelo mielograma, e 13% de monoblastos, 7,45% de blastos mieloides e 2,44% linfoides, com um total de 22,97% de células imaturas na avaliação de DRM. Realizado troca de esquema para protocolo Viale-C, porém paciente após cerca de 10 dias teve quadro de neutropenia febril grave e choque séptico, evoluindo com acidose metabólica severa, refratária a medidas intensivas, com óbito em abril de 2025.

Conclusão

A leucemia aguda bilinear é um subtipo raro de leucemia que nesta paciente ao longo de seu tratamento evoluiu com infecção por leishmania sp, cuja única manifestação clínica foi piora das citopenias no hemograma. Esta acomete pacientes imunossuprimidos, com mortalidade em torno de 10%, o que torna importante a suspeição do diagnóstico diferencial. A similaridade da sintomatologia entre as duas doenças podem dificultar a suspeição clínica inicial. Este relato de caso reforça a importância de reavaliação medular principalmente quando pacientes mudam o padrão dos índices hematimétricos, principalmente em regiões endêmicas.

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Referências:

  • 1.

    Charles NJ, Boyer DF. Mixed-phenotype acute leukemia: diagnostic criteria and pitfalls. Arch Pathol Lab Med. 2017 Nov;141(11):1462-8. doi:10.5858/arpa.2016-0428-RA.

  • 2.

    Gontijo CMF, Melo MN. Leishmaniose visceral no Brasil: quadro atual, desafios e perspectivas. Rev Bras Epidemiol. 2004 Sep;7(3):338-49. doi:10.1590/S1415-790X2004000300011.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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