HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA leucemia mieloide crônica é uma neoplasia mieloproliferativa associada à fusão gênica BCR-ABL1, cuja expressão resulta na atividade da tirosina cinase constitutivamente ativa. Durante a pandemia de COVID-19, pacientes com leucemia mieloide crônica tornaram-se grupo de risco devido à imunossupressão inerente à doença e às terapias antineoplásicas. Este trabalho apresenta três casos clínicos de pacientes com leucemia mieloide crônica que contraíram COVID-19 e estiveram internados no Hospital Universitário Antônio Pedro entre 2020 e 2021.
Descrição do casoEste trabalho apresenta três casos clínicos de pacientes com leucemia mieloide crônica que contraíram COVID-19 e estiveram internados no Hospital Universitário Antônio Pedro entre 2020 e 2021. O paciente 1 (71 anos, Philadelphia+) apresentou leucocitose de 194.000/mm3, trombocitose (888.000/mm3) e anemia normocítica. Apesar da resposta hematológica ao Imatinibe, não atingiu resposta molecular (BCR-ABL1/ABL1: 41,1%), evoluindo para uso de Nilotinibe e Ponatinibe. Durante a COVID-19, apresentou elevação de proteína C reativa (9,45 mg/dL), ferritina (694 ng/mL) e D-dímero (741 ng/dL), mas teve evolução clínica favorável. O paciente 2 (29 anos, Philadelphia+) apresentou leucocitose de 207.600/mm3 com desvio à esquerda e blastos (22.800/mm3), além de trombocitose e anemia. Demonstrou refratariedade precoce ao Imatinibe e Nilotinibe. Durante a COVID-19, apresentou proteína C reativa de 12,97 mg/dL, ferritina de 2.737 ng/mL e D-dímero de 3.088 ng/dL, evoluindo com sepse e falência múltipla de órgãos. O paciente 3 (69 anos, Philadelphia-) iniciou com leucocitose de 63.600/mm3, anemia e plaquetopenia. Apresentou resposta inicial ao Imatinibe, mas evoluiu para fase blástica. Durante a COVID-19, apresentou proteína C reativa de 5,11 mg/dL, ferritina de 460 ng/mL e D-dímero de 2.243 ng/dL. Após melhora clínica, teve recaída e veio a óbito por tuberculose e leucemia mieloide crônica fase blástica.
ConclusãoObservou-se que pacientes com leucemia mielóide crônica controlada apresentaram melhor prognóstico frente à COVID-19, enquanto a ausência de resposta molecular e hematológica foi associada a maior morbimortalidade. Este relato reforça a importância do monitoramento molecular e da personalização terapêutica, além de evidenciar a necessidade de ampliação do acesso a exames e terapias avançadas no SUS.




