HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA anemia ferropriva é a forma mais comum de anemia no mundo, representando um problema de saúde pública, especialmente entre mulheres em idade reprodutiva, grupo mais suscetível devido às perdas menstruais, gestações e demandas nutricionais específicas. No Brasil, embora existam políticas públicas voltadas para a prevenção e controle da anemia, o número de internações ainda é expressivo, refletindo desigualdades no acesso à alimentação adequada, à suplementação de ferro e aos serviços de saúde.
ObjetivosO objetivo deste estudo foi descrever o perfil das internações hospitalares por anemia por deficiência de ferro em mulheres com idade entre 10 e 49 anos no Brasil, no período de 2015 a 2024, considerando variáveis como faixa etária, região geográfica e etnia.
Material e métodosTrata-se de um estudo ecológico, descritivo, com base em dados secundários extraídos do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS). Foram analisadas as internações de mulheres com idade entre 10 e 49 anos, ocorridas entre janeiro de 2015 e dezembro de 2024, com diagnóstico de anemia por deficiência de ferro. As variáveis consideradas incluíram faixa etária, região de residência e etnia/cor. Por se tratar de uma pesquisa com dados de domínio público, sem identificação dos sujeitos, não foi necessária a submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa, conforme a Resolução n° 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde.
ResultadosDurante o período analisado, foram registradas 29.211 internações de mulheres em idade reprodutiva por anemia ferropriva no Brasil. A faixa etária mais acometida foi a de 40 a 49 anos, representando 45,2% dos casos, seguida pelas de 30 a 39 anos (25,7%), 20 a 29 anos (17,1%) e 10 a 19 anos (11,8%). Em relação à distribuição regional, a Região Sudeste concentrou o maior número de internações (36,2%), seguida pelas regiões Nordeste (29,8%), Sul (13%), Centro-Oeste (11,1%) e Norte (9,6%) [1]. Quanto à etnia, a maior parte das mulheres internadas se autodeclarou parda (46,6%), seguida por brancas (26,4%), pretas (4,9%), amarelas (1,9%) e indígenas (0,6%). Em 19,3% dos registros não havia informação sobre a etnia.
Discussão e conclusãoOs dados analisados evidenciam que a anemia ferropriva continua sendo uma causa significativa de internação entre mulheres em idade reprodutiva no Brasil, com maior impacto nas faixas etárias mais avançadas, nas regiões Sudeste e Nordeste e entre mulheres pardas — grupo frequentemente mais vulnerável devido a desigualdades sociais, alimentares e de acesso aos serviços de saúde. A expressiva proporção de internações nessas regiões pode estar associada ao maior contingente populacional e às disparidades no acesso à prevenção e tratamento. Além disso, a elevada taxa de registros sem informação sobre etnia aponta para fragilidades nos sistemas de informação. Diante disso, é fundamental fortalecer as estratégias de prevenção e controle da anemia ferropriva, com ênfase na suplementação de ferro, educação nutricional, ampliação da atenção básica e aprimoramento da qualidade dos dados em saúde, visando a redução do impacto da doença e a promoção da equidade.
Referências:
- 1.
Ministério da Saúde. Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) [Internet]. Brasília: DATASUS; [acesso em 2025 ago 2]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br
- 2.
Organização Mundial da Saúde. The global prevalence of anaemia in 2019. Geneva: WHO; 2021.
- 3.
Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília: MS; 2012.




