HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA citometria de fluxo é uma ferramenta central no diagnóstico hematológico, especialmente nas neoplasias agudas, imunofenotipagem e monitoramento de terapias celulares. Com o avanço da tecnologia e o aumento da complexidade dos dados, surge a necessidade de integração com ferramentas digitais que aprimorem a análise, reduzam a subjetividade e ampliem o potencial clínico.
ObjetivosRealizar uma revisão sistemática da literatura atual sobre os avanços tecnológicos na citometria de fluxo, com foco na integração de ferramentas digitais, como inteligência artificial, automação e interoperabilidade com dados clínicos. Busca-se compreender os impactos dessas inovações na análise imunofenotípica, os benefícios já observados e os desafios para sua implementação em larga escala.
Material e métodosA revisão foi conduzida nas bases de dados PubMed, Web Of Science e Cochrane Library, abrangendo estudos publicados entre 2020 e 2024, nos idiomas inglês e português. Foram utilizados os descritores “flow cytometry”, “machine learning”, “digital tools” e “automation”. A seleção seguiu os critérios PRISMA, e incluiu estudos originais, revisões sistemáticas e diretrizes relacionadas à digitalização da citometria. Foram excluídos artigos opinativos, relatos de caso e textos sem relevância temática.
Discussão e conclusãoA integração da Inteligência Artificial (IA) e do Machine Learning (ML) na citometria de fluxo está promovendo uma transformação estrutural na hematologia diagnóstica, permitindo análises mais rápidas, profundas e objetivas. Os estudos revisados demonstraram que ferramentas como FlowSOM e PhenoGraph alcançam acurácia superior a até 90% na identificação automatizada de determinadas populações celulares, impactando diretamente o diagnóstico de leucemias agudas, por exemplo. Além do ganho de precisão, a automação otimiza o fluxo de trabalho: o preparo robótico eleva a padronização e a análise automatizada reduz o tempo de interpretação em até 45%, como observado em amostras de Leucemia Mieloide Aguda. A capacidade de integrar dados citométricos a prontuários eletrônicos e perfis genômicos enriquece a contextualização clínica, abrindo caminho para a medicina personalizada. Contudo, a consolidação dessa transformação enfrenta barreiras técnicas, como a necessidade de validação rigorosa dos algoritmos e de infraestrutura robusta, além de desafios ético-regulatórios que precisam ser lidados para evitar o aprofundamento das desigualdades globais no acesso à tecnologia. Portanto, entende-se que a digitalização da citometria de fluxo representa um avanço estratégico, com potencial para refinar a acurácia diagnóstica, descobrir novos biomarcadores e customizar terapias. Para que esse progresso se concretize de forma segura e equitativa, é necessário o investimento em capacitação profissional, a criação de diretrizes regulatórias claras e o fomento a uma infraestrutura digital acessível no contexto hematológico global.




