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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID – 67
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INFLUÊNCIA DO EXCESSO DE PESO E METAINFLAMAÇÃO NA DEFICIÊNCIA DE FERRO NA INFÂNCIA
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27
VC Pereira, JC Pina Faria
Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), São Caetano do Sul, SP, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

Deficiência de Ferro (DF) é a carência nutricional mais comum e está associada a alterações definitivas na neurogênese em crianças. A inflamação crônica pode ser causada pela DF. O excesso de peso é causa de metainflamação e sua incidência tem aumentado em crianças nas últimas décadas.

Objetivos

Avaliar a associação entre excesso de peso, inflamação e distúrbios no metabolismo do ferro em crianças e adolescentes.

Material e métodos

Estudo transversal com 153 crianças e adolescentes de uma escola em Santo André-SP. O estudo foi aprovado pelo CEP, parecer n° 3.058.583. Critérios de inclusão: crianças com mais de quatro anos. Critérios de exclusão: não consentimento, ingestão de corticoide ou ferro nos últimos 30-dias e presença de doenças crônicas ou infecções agudas. Aplicado questionário e verificados peso, estatura e calculados escores z do IMC (ZIMC). Coletados: hemograma, ferro, ferritina, saturação de transferrina, hepcidina e Proteína C Reativa ultrassensível (PCRus). A classificação da anemia e ferritina foi realizada segundo sugestões da OMS. Para os demais exames, foram considerados os seguintes valores: ferro sérico > 33 μg/dL, Saturação de transferrina >20 e PCRus <5 mg/L. As análises para Hepcidina foram realizadas como variável contínua. Os dados foram analisados no SPSS 25.0. Nível de significância de 5%.

Resultados

Foram incluídos 153 crianças e adolescentes de 4 e 17 anos, dos quais 51% eram do sexo masculino, 71,2% pré púberes, 41,8% apresentavam excesso de peso (sobrepeso: 25,5%, obesidade: 16,3%) e 19,6% apresentavam DF. Nenhuma criança apresentava anemia. Na comparação entre os grupos eutrófico e com excesso de peso, observou-se que nesse segundo grupo havia níveis significativamente mais elevados de hepcidina (mediana: 365,6 vs. 176,1 ng/mL; p < 0,001) e PCRus (mediana: 0,6 vs. 0,4 mg/L; p = 0,02). Esses mesmos indivíduos também apresentaram menor saturação de transferrina (mediana: 26,5% vs. 30,8%; p = 0,03), apesar de concentrações elevadas de ferritina. Houve correlação positiva entre o escore Z de IMC e os níveis séricos de hepcidina (r = 0,476; p < 0,001). Na análise de regressão logística, tanto hepcidina (OR = 1,004; 95% IC: 1,001–1,006; p = 0,005) quanto PCRus (OR = 1,53; 95% IC: 1,22–1,91; p < 0,001) associaram-se de forma independente à presença de DF.

Discussão e conclusão

Crianças com excesso de peso apresentaram mais inflamação e DF quando comparadas às eutróficas. Os valores aumentados de ferritina no grupo excesso de peso justificam-se pelo maior grau de inflamação. A metainflamação do excesso de peso pode alterar a absorção e/ou a liberação do ferro intracelular através do aumento da hepcidina e degradação das ferroportinas, levando ao represamento do ferro e reduzindo a disponibilidade do mesmo na circulação sanguínea. A Hepcidina elevada no grupo excesso de peso corrobora com essa hipótese. Os dados demonstram que o controle do peso é fundamental no tratamento da DF de crianças com obesidade. Portando, crianças com excesso de peso apresentaram mais inflamação e DF. E o excesso de peso infantil pode levar à metainflamação, modificando o metabolismo do ferro.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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