HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA anemia é uma condição altamente prevalente na população idosa, com prevalência superior a 40% em instituições de longa permanência, frequentemente associada à deficiência de ferro e à inflamação crônica. O envelhecimento está relacionado a alterações na regulação imunológica, favorecendo um estado inflamatório persistente que impacta diretamente a homeostase do ferro. Esse fenômeno dificulta a absorção intestinal e a mobilização dos estoques, contribuindo para o desenvolvimento de anemia por deficiência funcional de ferro, além da deficiência absoluta. A avaliação da anemia no idoso deve sempre considerar o contexto inflamatório, e o manejo deve ser individualizado, visando melhorar a funcionalidade e qualidade de vida.
ObjetivosRevisar os mecanismos fisiopatológicos, impactos clínicos e estratégias diagnósticas e terapêuticas da anemia associada à deficiência de ferro e inflamação em idosos.
Material e métodosRevisão narrativa baseada em literatura científica indexada com ênfase em artigos publicados nos últimos 10 anos, abordando fisiopatologia, diagnóstico e tratamento da anemia ferropriva e inflamatória na geriatria.
Discussão e conclusãoO ferro é regulado pela hepcidina, que em estados inflamatórios é superproduzida, bloqueando sua liberação e levando à deficiência funcional. A deficiência de ferro absoluta também é comum, sendo causada por má absorção, dieta pobre e sangramentos crônicos. A inflamação no envelhecimento é caracterizada por um aumento discreto, mas persistente de marcadores inflamatórios como PCR, IL-6 e TNF-α. Esse ambiente inflamatório reduz a biodisponibilidade do ferro, diminui a sensibilidade à eritropoetina, inibindo a proliferação de precursores eritroides. A anemia da inflamação, portanto, compartilha mecanismos com a anemia ferropriva, mas se distingue pela presença de estoques de ferro bloqueados e ferritina elevada. A anemia em idosos está associada a declínio funcional, maior risco de quedas, prejuízo cognitivo e aumento da mortalidade. Mesmo sem anemia, a deficiência de ferro afeta negativamente o desempenho físico. A avaliação laboratorial da deficiência de ferro em idosos requer cautela. A ferritina, principal marcador da reserva de ferro, é uma proteína de fase aguda e se eleva em contextos inflamatórios, podendo mascarar a deficiência. Valores entre 100 e 300 ng/mL podem indicar deficiência funcional de ferro na presença de PCR elevada. A saturação de transferrina <20% e a concentração de ferro sérico também são úteis. A hepcidina, embora promissora como biomarcador, ainda tem uso limitado na prática clínica. O tratamento oral é limitado por efeitos colaterais e má absorção. A administração intravenosa, especialmente com ferro carboximaltose, tem se mostrado eficaz e segura em idosos. Novas abordagens terapêuticas em estudo incluem moduladores de hepcidina e agentes que aumentam a atividade da ferroportina. A anemia por deficiência de ferro e inflamação é prevalente e subdiagnosticada em idosos. Sua abordagem exige atenção às alterações fisiológicas do envelhecimento, avaliação laboratorial cuidadosa e terapias adaptadas. O tratamento adequado melhora a funcionalidade e reduz a morbimortalidade, sendo crucial sua identificação precoce.




