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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 3004
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INFILTRAÇÃO DE ÓRBITA E COMPROMETIMENTO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL COMO MANIFESTAÇÃO INICIAL DE LINFOMA DE CÉLULAS DO MANTO: RELATO DE CASO
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JFS do Carmo, SN Freitas, RCA Matos, LKN Canuto, RS de Brito, AG Sabarin, GA Oliveira, MA Dias, MBV Lima, EQ Crusoé
Hospital Universitário Professor Edgar Santos (HUPES), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

O linfoma de células do manto (LCM) é uma neoplasia linfoproliferativa rara de células B maduras, representando cerca de 6% dos linfomas não Hodgkin, caracterizada pela translocação t(11;14)(q13;q32) e superexpressão da ciclina D1. Apresenta curso clínico heterogêneo, variando de formas indolentes a variantes agressivas associadas a alto índice proliferativo (Ki-67 elevado) e alterações genéticas como mutações ou expressão aberrante de TP53, que conferem mau prognóstico. O envolvimento do sistema nervoso central (SNC) é incomum, ocorrendo em 4–5% dos casos, geralmente na recaída. Acometimento orbitário também é uma manifestação rara.

Descrição do caso

Mulher, 61 anos, previamente hígida, encaminhada ao serviço de Onco-Hematologia do HUPES-UFBA por infiltração palpebral bilateral com redução da fenda ocular, linfonodomegalia cervical à esquerda e perda ponderal de 15 kg em 12 meses. Ao exame físico, apresentava edema periorbital volumoso bilateral e conglomerado linfonodal submandibular bilateral, maior à esquerda. Biópsia de linfonodo cervical: LCM padrão nodular, variante pleomórfica, imunofenótipo CD5+, CD20cy+, CD23+, CD45+, ciclina D1+, MUM1+, BCL2+, TP53+, Ki-67 de 40%. Análise do líquor: 2,36% de linfócitos B clonais por citometria de fluxo, confirmando infiltração meníngea. Tomografias mostraram edema orbitário bilateral e linfonodomegalias cervicais, occipital direita, mediastinais e inguinais bilaterais. Hemograma: anemia discreta normocítica/normocrômica, plaquetopenia leve e leucócitos com diferencial preservado. Imunofenotipagem do sangue periférico: 5,66% de linfócitos B monoclonais (≈63 células/mm3) em um total de 1.117 linfócitos/mm3, caracterizando fase leucêmica subclinica. Biópsia de medula óssea: ausência de infiltração linfomatosa. A presença de células clonais circulantes, mesmo em número absoluto baixo, define infiltração sanguínea e caracteriza fase leucêmica subclínica, fenômeno raro no LCM quando associado à ausência de infiltração medular detectável. Esse achado pode refletir real ausência ou infiltração mínima/focal não evidenciada, já descrita em padrões de disseminação extranodal predominante. Quando somado a TP53 positivo e Ki-67 elevado, sugere doença biologicamente agressiva, com potencial de disseminação para sítios incomuns. O envolvimento orbitário bilateral é pouco frequente e, quando presente, geralmente ocorre em doença avançada. A infiltração meníngea ao diagnóstico é incomum e associada a sobrevida reduzida. A combinação de leucemização de baixo grau sem medula positiva, acometimento orbitário, SNC e variante pleomórfica com TP53+ constitui apresentação atípica e de alto risco.

Conclusão

Este caso evidencia que, no LCM, a ausência de infiltração medular não afasta a possibilidade de disseminação hematológica, especialmente em contextos de alto risco biológico. A coexistência de sítios extranodais incomuns e marcadores de agressividade, como TP53 positivo e Ki-67 elevado, impõe a necessidade de investigação abrangente com métodos sensíveis e definição precoce de estratégias terapêuticas intensivas. A detecção de fase leucêmica, ainda que subclinica, possui relevância prognóstica e reforça a importância de vigilância estreita e manejo direcionado a perfis de maior risco, visando otimizar desfechos e minimizar o impacto da doença.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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