HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA imunofenotipagem por citometria de fluxo é uma técnica fundamental para o diagnóstico, classificação e monitoramento de neoplasias hematológicas. Sua capacidade de analisar milhares de células simultaneamente e identificar marcadores antigênicos específicos permite diferenciar células neoplásicas de progenitores normais, caracterizar linhagens celulares e identificar padrões antigênicos aberrantes. Essa abordagem é crucial para a detecção da doença residual mínima (DRM), agora frequentemente referida como doença residual mensurável, que representa a persistência de células tumorais indetectáveis por métodos convencionais. Dada sua alta sensibilidade, especificidade e aplicabilidade clínica, a imunofenotipagem complementa a análise citomorfológica, aprimorando o diagnóstico e contribuindo para decisões terapêuticas mais eficazes.
ObjetivosO presente estudo tem como objetivo revisar a aplicação da imunofenotipagem por citometria de fluxo na classificação das leucemias, destacando sua importância no diagnóstico diferencial dos subtipos da doença e no monitoramento da DRM.
Material e métodosRealizou-se uma revisão narrativa com buscas nas bases de dados PubMed, Portal de Periódicos da CAPES, SciELO e Google Acadêmico. Foram utilizados os descritores controlados “immunophenotyping”, “neoplasm”, “residual”, “flow cytometry” e “leukemia”, combinados por operadores booleanos. Foram incluídos artigos originais, revisões de literatura e metanálises em português e inglês, publicados nos últimos cinco anos.
Discussão e conclusãoA imunofenotipagem por citometria de fluxo consiste na marcação de células em suspensão com anticorpos monoclonais conjugados a fluorocromos, específicos para antígenos de superfície ou citoplasmáticos. Após a incubação, as células são analisadas individualmente pelo citômetro de fluxo, que excita os fluorocromos por laser e registra os sinais emitidos. Os dados são processados em gráficos, permitindo distinguir as subpopulações celulares com base em seus perfis imunofenotípicos. Por exemplo, na leucemia linfoide aguda (LLA), linfoblastos B tipicamente expressam um conjunto específico de marcadores como CD10, CD19, CD22 e CD79a, enquanto linfoblastos T se caracterizam pela expressão de CD2, CD3, CD5 e CD7. Similarmente, na leucemia mieloide aguda (LMA), predominam marcadores como MPO, CD33, CD13 e CD117. A análise combinada desses perfis imunofenotípicos não só permite o diagnóstico diferencial preciso entre as diversas leucemias, mas também a detecção de padrões de expressão anormais (“aberrantes”) que são característicos das células malignas, mesmo em baixa quantidade. Sua elevada sensibilidade permite a detecção da DRM, crucial para monitorar a resposta terapêutica, detectar recidivas e melhorar o monitoramento do prognóstico, uma vez que a persistência de pequenas quantidades de células leucêmicas remanescentes é indetectável por métodos convencionais. A literatura consultada confirma a imunofenotipagem como ferramenta indispensável no diagnóstico e definição das estratégias de manejo das leucemias. Sua rapidez, sensibilidade e especificidade garantem diagnóstico diferencial precoce, permitindo intervenções oportunas e eficazes. Além de caracterizar os subtipos, orienta terapias adequadas e possibilita o monitoramento preciso da DRM, otimizando o prognóstico e o seguimento clínico dos pacientes.




