O gerenciamento de não conformidades é uma ferramenta estratégica no âmbito da qualidade, permitindo não apenas a identificação de falhas em processos, mas, sobretudo, a construção de uma cultura organizacional orientada à melhoria contínua. No contexto da hemoterapia, onde a segurança transfusional é um imperativo ético e técnico, o controle efetivo das não conformidades se traduz em excelência assistencial, redução de riscos e valorização dos fluxos institucionais.

Avaliar a implementação e a adesão aos Registros de Não Conformidades nos principais setores operacionais e técnicos do HEMOSE, com vistas ao fortalecimento da cultura de qualidade, rastreabilidade de falhas e efetividade das ações corretivas e preventivas.

Trata-se de um estudo descritivo-analítico, realizado pela Assessoria da Qualidade do HEMOSE, abrangendo os seguintes setores: Captação, Coleta, Imuno-Hematologia do Doador e Receptor, Produção e Dispensação, Sorologia, Apoio e Transfusão e Hemorrede. A metodologia incluiu a realização de reuniões setoriais de sensibilização, entrega dos formulários padronizados e uma oficina prática de preenchimento. Os registros de não conformidades foram classificados, encaminhados para análise e tratados com base em plano de ação específico, com posterior avaliação da eficácia.Dentre os setores avaliados, o que apresentou maior número de registros de não conformidades foi o Setor de Coleta, seguido pela Hemorrede e pelo Laboratório de Imuno-Hematologia.

Os resultados obtidos demonstram a efetividade da estratégia adotada pela Assessoria da Qualidade ao promover a cultura do registro como prática sistemática e consciente. O protagonismo do setor de Coleta, com 35% do total de registros, revela uma postura madura frente à vigilância de processos, sinalizando não uma falha, mas um compromisso com a melhoria contínua. O mesmo se aplica à Hemorrede (25%) e ao Laboratório de Imuno-Hematologia (20%), cujas atividades envolvem alto grau de complexidade e risco biológico.A prática de preenchimento orientado contribuiu para a padronização das descrições e para o fortalecimento do pensamento crítico das equipes, conforme defendido por Vasconcelos et al. (2024), que apontam o engajamento com o tratamento das não conformidades como indicador de qualidade institucional. Importante destacar que todos os registros foram analisados, gerando planos de ação resolutivos, com posterior verificação de eficácia, o que evidencia a completude do ciclo de qualidade.A implantação dos Registros de Não Conformidades no HEMOSE representou um avanço estratégico na consolidação de uma cultura organizacional voltada à excelência técnica e à responsabilidade coletiva. A alta adesão dos setores, aliada à aplicação de planos de ação eficazes, demonstra a solidez da intervenção e seu potencial de replicação em outros serviços públicos de hemoterapia. Recomenda-se a manutenção sistemática dos registros e a incorporação dessa ferramenta nos indicadores institucionais de avaliação da qualidade.