HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA transfusão de sangue é um procedimento essencial em diversas situações clínicas, sendo capaz de salvar vidas e promover a recuperação de pacientes em estados críticos. No entanto, envolve riscos, especialmente relacionados à possibilidade de transmissão de agentes infecciosos. É uma etapa fundamental, sendo responsável por identificar condições que possam representar risco ao receptor ou ao próprio doador. Por isso, sua condução adequada é um fator decisivo na garantia da segurança transfusional.
ObjetivosAnalisar o impacto da triagem clínica na segurança transfusional, destacando os principais desafios enfrentados e apresentando estratégias e boas práticas que contribuam para seu aprimoramento.
Material e métodosTrata-se de uma revisão narrativa da literatura. Foram selecionados artigos científicos publicados entre 2014 e 2024, disponíveis nas bases SciELO, LILACS e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), que abordassem a triagem clínica e sua interface com a segurança transfusional. Estudos exclusivamente laboratoriais foram excluídos.
Discussão e conclusãoA triagem clínica é conduzida por profissional habilitado, em ambiente individual e sigiloso. Envolve entrevista dirigida, aferição dos sinais vitais e exame físico breve. Estudos apontam que a maior parte das inaptidões ocorre nesta fase, sendo relacionadas a condições como doenças infecciosas, medicamentos, cirurgias, histórico de doenças crônicas e outros fatores. Entre os principais desafios estão a omissão ou distorção de informações por parte dos doadores, muitas vezes motivadas por medo de serem considerados inaptos, vergonha ou falta de entendimento sobre os critérios de exclusão. A forma como o profissional conduz a entrevista influencia diretamente a qualidade das informações. Além disso, a pressão constante por manter os estoques de sangue pode induzir, ainda que inconscientemente, à flexibilização inadequada de critérios técnicos. Nesse contexto, destaca-se a importância da capacitação contínua da equipe responsável pela triagem, não apenas em aspectos técnicos, mas também em habilidades interpessoais, como empatia, escuta ativa e comunicação clara, a fim de criar um ambiente acolhedor que favoreça a veracidade das informações prestadas. Estratégias como a padronização da triagem por meio de questionários informatizados, integração de sistemas e auditorias periódicas também têm se mostrado eficazes na redução de falhas. Outro ponto relevante é a revisão frequente dos formulários e a adequação da linguagem para garantir que o doador compreenda todas as perguntas. A triagem clínica representa uma barreira fundamental para a segurança transfusional. Seu impacto é diretamente proporcional à qualidade e à integridade com que é conduzida. Investir na formação da equipe, no uso de ferramentas tecnológicas, na padronização dos processos e na abordagem humanizada são medidas indispensáveis para enfrentar os desafios existentes e garantir uma transfusão segura, ética e eficaz, protegendo tanto o receptor quanto o doador.
Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 158, de 4 de fevereiro de 2016.
Gomes S, et al. Triagem clínica na doação de sangue. Rev Enfermagem. 2020;25(3).
Oliveira AC, et al. Estratégias para segurança transfusional. Rev Saúde e Desenvolvimento. 2021;13(1).




