HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA transfusão de concentrado de plaquetas por aférese (CPA) é fundamental no suporte a pacientes onco-hematológicos com trombocitopenia, seja por quimioterapia, infiltração medular ou em transplantes de células-tronco hematopoiéticas (TCTH). O CPA é indicado por oferecer maior contagem plaquetária, menor exposição a múltiplos doadores e possibilidade de compatibilização HLA. No entanto, sua produção é complexa e depende da captação programada de doadores.
ObjetivosEste trabalho visa relatar a experiência de um serviço de hemoterapia que passou a atender uma nova unidade onco-hematológica, enfrentando aumento expressivo na demanda de CPA e desafios na gestão de estoque e captação.
Material e métodosFoi realizada uma análise retrospectiva da produção, demanda e estratégias adotadas após o início do atendimento à nova unidade hospitalar especializada em onco-hematologia, localizada em Goiânia/GO.
Discussão e conclusãoO tratamento de pacientes onco-hematológico, especialmente aqueles em quimioterapia, radioterapia, transplante de medula óssea ou com síndromes mielodisplásicas, demanda suporte transfusional frequente e prolongado. Os CPA são indicados nesses casos por oferecerem menor risco de aloimunização e reações transfusionais, além de melhor rendimento terapêutico. A introdução de uma unidade onco-hematológica como hospital parceiro de um serviço de hemoterapia em Goiânia/GO teve um impacto direto e expressivo na demanda de plaquetas por aférese. Antes, a média mensal de CPA solicitadas era de apenas duas unidades, geralmente para casos isolados de trombocitopenia grave ou refratariedade. Com a incorporação da assistência aos pacientes onco-hematológicos, essa demanda aumentou de forma abrupta para em média 60 unidades mensais, representando um crescimento de 2.900% em um curto período. Essa mudança drástica impôs uma série de desafios operacionais, logísticos e estratégicos. O primeiro desafio enfrentando pelo serviço de hemoterapia foi a reorganização da escala de coletas por aférese, que até então funcionava com a capacidade reduzida, compatível com a baixa demanda anterior. Houve necessidade de reavaliar a infraestrutura física, disponibilidade de equipamentos, capacitação da equipe técnica e ampliação do horário de atendimento. Paralelamente, tornou-se urgente intensificar as estratégias de captação de doadores por aférese, um perfil de doador ainda escasso na base de doadores ativos do serviço. Para isso, designou uma profissional exclusivamente para essa captação que passou a realizar contato ativo com os doadores compatíveis, explicando os diferenciais do procedimento e seus benefícios, além do fortalecimento do vínculo com os doadores fidelizados. Apesar dos esforços, a curva de crescimento da captação não acompanhou imediatamente a demanda, gerando períodos de escassez críticas. Isso evidenciou a necessidade de se implementar uma gestão preditiva de estoque, baseada em dados clínicos dos pacientes atendidos e previsão de uso transfusional, a fim de alinhar a produção à demanda esperada. Em conclusão, a ampliação do atendimento onco-hematológico trouxe avanços importantes na cobertura assitencial, mas também impôs desafios significativos para o serviço de hemoterapia, exigindo inovação na gestão, capacidade de resposta rápida e planejamento estratégico contínuo. A experiência reforça a importância da fidelização do doador, do planejamento estratégico e de uma comunicação eficaz para garantir a manutenção do estoque de CPA com segurança e qualidade.




