HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA hemofilia A adquirida é um distúrbio hemorrágico raro, causado por autoanticorpos contra o fator VIII, com incidência de 1–1,5/milhão, predominando em idosos. Metade dos casos associa-se a comorbidades, gestação/puerpério ou uso de antiplaquetários e anticoagulantes. Pode iniciar com sangramentos leves (20%–30%), diferindo da forma congênita por apresentar sobretudo hematomas subcutâneos, além de sangramentos gastrointestinais e musculares; hemorragia intracraniana é rara, mas grave. O diagnóstico baseia-se em tempo de tromboplastina parcial ativada prolongado com TP normal e confirmação laboratorial do inibidor. O tratamento busca controlar sangramentos e eliminar o autoanticorpo. Este artigo relata dois casos e compara sua abordagem terapêutica à literatura recente.
Descrição do casoCaso 1: Paciente de 70 anos, hipertenso, ex-tabagista, com histórico de púrpura trombocitopênica idiopática pós-infecção por coronavírus, apresentou equimoses crônicas, dor abdominal e sangramento persistente. Confirmada hemofilia A adquirida com ausência de fator VIII e inibidor elevado, tratada com corticoide e ciclofosfamida, evoluiu para remissão clínica e laboratorial em um ano. Caso 2: Paciente de 30 anos, saudável, com hemorragia pós-parto, equimoses e sangramento gengival persistente, teve piora com dor e novos hematomas. Diagnóstico confirmou hemofilia A adquirida, tratada com corticoide, ciclofosfamida, FEIBA e suporte, obtendo melhora clínica e laboratorial, com inibidor ausente.
ConclusãoA hemofilia A adquirida, embora rara, exige diagnóstico rápido e tratamento imediato para prevenir complicações graves. Os casos descritos evidenciam que a suspeita clínica e o manejo precoce são decisivos para o sucesso terapêutico.
Referências:
- 1.
Tiede A, Collins P, Knoebl P, Teitel J, Kessler C, Shima M, et al. International recommendations on the diagnosis and treatment of acquired hemophilia A. Haematologica. 2020;105(7):1791-801.
- 2.
Pai M. Acquired Hemophilia A. Hematology/Oncology Clinics of North America. 2021;35(6):1131-42.
- 3.
Collins P, Macartney N, Davies R, Lees S, Giddings J, Majer R. A population based, unselected, consecutive cohort of patients with acquired haemophilia A. British Journal of Haematology. 2003;124(1):86-90.
- 4.
Kruse-Jarres R, Kempton CL, Baudo F, Collins PW, Knoebl P, Leissinger CA, et al. Acquired hemophilia A: Updated review of evidence and treatment guidance. American Journal of Hematology. 2017;92(7):695-705.
- 5.
UpToDate [Internet]. Uptodate.com. 2024 [cited 2024 Oct 12]. Available from: https://www.uptodate.com/contents/acquired-hemophilia-a-and-other- acquired-co agulation-factor-inhibitors?search=hemofilia%20A%20adquirida&source=search_ result&selectedTitle=1∼33&usage_type=default&display_rank=1#H13.
- 6.
Cabra Rodríguez R, Ruíz Márquez MJ. Anticoagulación como factor de confusión en el diagnóstico de una hemofilia adquirida. Medicina Clínica. 2021 May.
- 7.
Takeyama M, Furukawa S, Kenichi Ogiwara, Tamura S, Ohno H, Satoshi Higasa, et al. Coagulation potentials of plasma‐derived factors VIIa and X mixture (Byclot®) evaluated by global coagulation assay in patients with acquired haemophilia A. Haemophilia. 2023;30(1):249-52.
- 8.
Stephen M, Elbaz C, Hanif H, Katerina Pavenski, Teitel J, Sholzberg M. Cross-reacting anti-porcine FVIII inhibitors in patients with acquired hemophilia A. Research and Practice in Thrombosis and Haemostasis. 2024;8(6):102553-3.




