HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Leucemia mieloide aguda (LMA) é uma forma heterogênea e agressiva de câncer hematológico caracterizada pela proliferação desenfreada de células precursoras mieloides na medula óssea. Dentre as diferentes alterações genéticas que implicam na patogênese da LMA, a mutação no gene FLT3 (codifica o receptor de tirosina quinase FMS-like) é uma das mais prevalentes, aparecendo em, aproximadamente, um terço dos pacientes com LMA e está associada a um mau prognóstico. As mutações de duplicação interna em tandem no domínio justamembrana do FLT3 (FLT3-ITD) são as mais comuns, aparecendo entre 25% e 30% dos casos. Tais mutações levam à ativação ligante-independente do receptor e ao aumento da autofosforilação, levando à ativação de vias de sinalização da tirosina quinase FMS-like e, consequentemente, resultando em uma proliferação celular exacerbada, diferenciação celular ineficaz e aumento da sobrevida das células hematopoéticas, reduzindo a apoptose. Dessa forma, pacientes com LMA e FLT3-ITD apresentam riscos adversos, incluindo um aumento da contagem de leucócitos e, principalmente, do percentual de células blásticas, além de possuírem uma maior probabilidade de recidiva. Portanto, diferentes fármacos inibidores da tirosina quinase FMS-like foram desenvolvidos para melhorar o prognóstico de pacientes com LMA, a exemplo do Gilteritinibe e do Quizartinibe. Nesse panorama, se faz necessária uma análise comparativa da eficácia dessas drogas, utilizando-se dados de ensaios clínicos recentes.
ObjetivosEste trabalho teve como finalidade analisar a resposta dos fármacos Gilteritinibe e Quizartinibe, documentados em ensaios clínicos em pacientes com LMA recidivada.
Material e métodosOs artigos selecionados contam com ensaios clínicos e pré-clínicos, publicados na base de dados PubMed com os descritores “acute myeloid leukemia”, “FLT3” e “treatment”. E então, foram selecionados ensaios clínicos diferentes que usaram algum dos dois fármacos (Gilteritinibe e Quizartinibe), que atuam na tirosina quinase FMS-like, para avaliar a resposta do paciente com LMA recidivada.
Discussão e conclusãoNo ensaio envolvendo o Gilteritinibe, PERL et. al (2019), estudo em fase 3, constatou que a taxa de remissão composta (CRc), que corresponde à remissão completa e doença residual mensurável, foi de 34%, além de uma sobrevida global média (OS) de 9,3 meses. Dentre os efeitos adversos destacados, estão o aumento das transaminases e a febre neutropênica. Ademais, houve uma pequena proporção dos pacientes responsivos ao tratamento que foram conduzidos para o transplante de medula óssea (TMO). Já o ensaio envolvendo o Quizartinibe (60 mg), CORTES et. al (2018), estudo em fase 2b, identificou que a CRc foi de 47,4% com OS média de 6,3 meses. Efeitos adversos vistos foram o prolongamento do intervalo QT no eletrocardiograma, entretanto 42% dos pacientes responsivos foram encaminhados para o TMO. Assim, o Quizartinibe apresentou menor OS média em comparação ao Gilteritinibe, porém apresentou um maior CRc, simbolizando uma maior porcentagem de pacientes com resposta completa à terapia, mesmo sendo um estudo de fase 2b. Ademais, o Quizartinibe levou para uma maior taxa de ponte para TMO, com perfil de segurança aceitável. Esses achados demonstram a eficácia dos inibidores de FLT3 na LMA recidivada, especialmente em estratégias que visam o transplante de medula óssea.




