HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO linfoma periférico de células T corresponde a um grupo relativamente raro e heterogêneo de linfomas não Hodgkin, associado a um prognóstico desfavorável. A maioria dos pacientes apresenta recidiva precoce, e a taxa de sobrevida global em 5 anos é de apenas 32%.1 O belinostat é um inibidor pan-HDAC derivado do ácido hidroxâmico que constitui uma opção para tratamento de segunda linha.2,3 Apresentou uma taxa de resposta global de 25,8%, sendo 61% dos pacientes que responderam alcançaram resposta em 30 a 45 dias, com tempo mediano de 5,6 semanas, a duração mediana da resposta foi de 8,4 meses.1,2
Descrição do casoPaciente feminina de 82 anos em investigação de dor em quadril, com massa em TC. A biópsia confirmou o diagnóstico de linfoma T periférico NOS (CD30+). O estadiamento inicial com PET-CT em abril 2024 evidenciou acometimento supra e infradiafragmático, com múltiplas lesões ósseas hipermetabólicas, incluindo extensa lesão no ilíaco esquerdo (SUV 62,5), além de lesões no sacro, fêmur proximal direito, ilíaco direito, coluna toracolombar, arcos costais e escápula direita. Iniciou-se quimioterapia de primeira linha com CHOEP em maio de 2024, seguida de cinco ciclos de brentuximabe vedotin-CHP de C1 a C5. Durante o tratamento, apresentou neutropenia febril grau 4, necessitando de internação prolongada. O PET-CT de junho de 2024 demonstrou resposta parcial, Deauville 5. Em novembro de 2024, houve confirmação de doença refratária com novo PET-CT. Diante da refratariedade, foi iniciado belinostat em dezembro de 2024. Em janeiro de 2025, a paciente apresentou piora da dor óssea no, quadril esquerdo. PET-CT evidenciou progressão de doença, com aumento da lesão no ilíaco esquerdo (SUV 52,3) com extensão para partes moles, persistência da lesão no sacro e progressão em L2. Foi então realizada radioterapia para as lesões da bacia esquerda e L2, com controle efetivo da dor. O belinostat foi mantido durante a radioterapia e a paciente evoluiu com boa tolerabilidade, encontrando-se atualmente no sétimo ciclo. O exame PET-CT recente, entretanto, evidenciou resposta favorável, não se observa anormalidade metabólica e ocorreu redução significativa das linfonodopatias e nódulos paravertebrais toraco-abdominais à esquerda, atualmente não mensuráveis. Surgiram pequenas áreas de hipermetabolismo no corpo vertebral de T11, em local onde havia lesão hipermetabólica em estudo mais antigo (SUV 7,9), indeterminado. As demais lesões ósseas em acompanhamento não apresentam significativo hipermetabolismo, permanecendo SUV inferior ao do mediastino. Durante o tratamento, a paciente apresentou rash cutâneo grau 2 em face no terceiro dia do primeiro ciclo, acompanhado de fogachos, com impacto na qualidade de vida, manejado com anti-histamínicos e corticoide topico, com subsequente resolução do quadro. Atualmente paciente retomou as das atividades habituais, com boa qualidade de vida.
ConclusãoEste caso demonstra o desafio terapêutico do linfoma periférico de células T NOS. Como descrito na literatura, um linfoma agressivo. A experiência reforça que, em casos selecionados, a manutenção de terapia sistêmica associada à radioterapia pode otimizar resultados.
Referências:
- 1.
Coiffier B. Therapeutic options in relapsed or refractory peripheral T-cell lymphoma. Eur J Cancer. 2014;50(9):1517-29. doi:10.1016/j.ejca.2014.02.013.
- 2.
O’Connor OA, Pro B, Pinter-Brown L, Bartlett N, Popplewell L, Coiffier B, et al. Results of the pivotal phase II BELIEF (CLN-19) study. J Clin Oncol. 2015;33(23):2492-9. doi:10.1200/JCO.2014.59.2782.
- 3.
National Comprehensive Cancer Network (NCCN). T-Cell lymphomas. Version 2.2025. Plymouth Meeting (PA): NCCN; 2025 [cited 2025 Aug 9].




