HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosDe uma forma geral, as leucemias constituem um grupo heterogêneo de neoplasias hematológicas com comportamento clínico variável e resposta terapêutica influenciada por fatores moleculares e comorbidades associadas. Nesse contexto, o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) tem ganhado destaque como condição com potencial para alterar a fisiopatologia e os desfechos do tratamento das leucemias. O impacto do DM2 na evolução das leucemias permanece pouco explorado, apesar de sua alta prevalência em pacientes oncológicos. É de conhecimento que a presença de DM2 pode interferir na farmacocinética dos quimioterápicos, no perfil inflamatório do paciente e na expressão de genes relacionados à resistência tumoral, impactando o curso clínico e os desfechos terapêuticos.
ObjetivosInvestigar os efeitos do DM2 no curso clínico, toxicidade terapêutica e na resposta ao tratamento em pacientes com leucemia.
Material e métodosFoi realizada uma revisão por meio de uma busca de estudos publicados entre 2000 e 2025, nas bases PubMed, Science Direct, Lilacs e SciELO. Foram incluídos artigos originais que abordassem a interação entre o DM2 e as leucemias.
Discussão e conclusãoCom a avaliação criteriosa dos artigos, observou-se que pacientes com leucemia mieloide aguda (LMA) e DM2 apresentaram maior incidência de efeitos adversos à quimioterapia com trióxido de arsênio, como toxicidade hepática e distúrbios de condução cardíaca. Isso ocorre pela expressão aumentada de transportadores de arsenicais e glicose em condições hiperglicêmicas que interferem na depuração de fármacos e na intensidade da toxicidade. Na leucemia linfocítica crônica (LLC), pacientes DM2 apresentaram menor sobrevida e maior susceptibilidade a infecções oportunistas. Além disso, quadros de hipoglicemia persistente e acidose lática têm sido reportados em leucemias avançadas, dificultando o manejo clínico. Estudos também destacam que o DM2 pode modular a expressão de genes como PBX1, com repercussões na proliferação e diferenciação celular de células sanguíneas. Com base no que foi exposto, é possivel perceber que o DM2 atua como um fator agravante na condução terapêutica das leucemias, gerando modificações metabólicas que comprometem a eficácia dos fármacos e favorecem complicações sistêmicas. A inflamação crônica, a resistência insulínica e a disfunção endotelial associadas ao DM2 podem favorecer a progressão leucêmica e dificultar a resposta imunológica. A coexistência dessas doenças demanda abordagens individualizadas, multiprofissional e com vigilância intensiva quanto a toxicidades. Assim, é possível concluir que o DM2 pode exercer influência negativa sobre o curso clínico e terapêutico das leucemias, representando um desafio adicional no manejo onco-hematológico. A compreensão dessas interações permite o planejamento de estratégias terapêuticas mais seguras e eficazes, com monitoramento adequado dos efeitos colaterais e intervenções precoces. Integração entre cuidados hematológicos e metabólicos é essencial para melhorar os desfechos em pacientes com essas comorbidades associadas.




