HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA sepse é uma condição grave, com resposta inflamatória desregulada a infecção, causando disfunção orgânica fatal. O diagnóstico rápido reduz a morbimortalidade. A hematoscopia com sangue sem EDTA permite análise morfológica imediata e é uma estratégia de baixo custo e alta sensibilidade para detectar alterações precoces, especialmente em neutrófilos.
ObjetivosAvaliar evidências sobre a hematoscopia como ferramenta precoce para diagnóstico da sepse, focando em alterações morfológicas de neutrófilos e correlação com biomarcadores e desfechos clínicos.
Material e métodosRevisão narrativa nas bases Science Direct e SciELO (março-julho/2025), com descritores: sepsis, blood smear, neutrophil morphology, toxic granulation, vacuolization, left shift, procalcitonin e vacuolização em neutrófilos. Incluíram-se estudos 2007–2025, excluídos modelos animais.
DiscussãoAlterações morfológicas em neutrófilos indicam infecção bacteriana aguda e são comuns na sepse. Vacuolização citoplasmática, ligada à fagocitose e endotoxinas, é frequente em hemoculturas positivas (SILVA; COSTA, 2020; GOMES, 2022). Granulação tóxica, da liberação de grânulos primários, ocorre em infecções graves (REIS et al., 2019; SILVA; COSTA, 2020). Corpúsculos de Döhle, inclusões de RNA, refletem a ativação da granulopoiese (GOMES, 2022). A presença simultânea de vacúolos, bastonetes e corpúsculos reforça o diagnóstico. O desvio à esquerda pode preceder leucocitose (FERREIRA et al., 2023; MEDEIROS et al., 2020). Em casos graves, leucopenia ocorre por exaustão medular (LIMA et al., 2020). A hematoscopia identifica essas alterações antes da elevação de biomarcadores como PCR e procalcitonina, detectáveis 6–12h após início da inflamação (FERREIRA et al., 2023). A associação morfologia-biomarcadores aumenta sensibilidade e especificidade diagnóstica (VASCONCELOS, 2016). O diagnóstico precoce é essencial para intervenções eficazes. Apesar do uso do hemograma, a leitura da lâmina periférica é subutilizada em emergências (VASCONCELOS, 2016). A hematoscopia oferece avaliação celular em tempo real, antecipando o diagnóstico antes dos biomarcadores. Estudos indicam incorporação em suspeitas clínicas não confirmadas por métodos lentos (REIS et al., 2019). Centros que adotaram a técnica relataram redução de 2–4h no início da antibioticoterapia e menor mortalidade hospitalar, especialmente com integração clínica-laboratorial (SILVA; COSTA, 2020; GOMES, 2022).
ConclusãoHematoscopia logo após a coleta é ferramenta sensível para diagnóstico precoce da sepse. Alterações como vacuolização, granulação tóxica, corpúsculos de Döhle e desvio à esquerda aparecem antes da elevação dos biomarcadores. Sua adoção em protocolos emergenciais é viável, de baixo custo e de potencial impacto na morbimortalidade.




