HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosPacientes com leucemia mieloide crônica (LMC) que alcançam resposta molecular profunda (RMP) podem sustentar remissão livre de tratamento (RLT) com a parada de inibidor de tirosina-quinase (ITK). Quando há recaída, a reintrodução da medicação costuma restaurar a resposta.
ObjetivosQuantificar a RLT em marcos fixos e descrever desfechos após recaída molecular em pacientes acompanhados desde 2019.
Material e métodosEstudo retrospectivo (jan 2019–dez 2024). Inclusão: fase crônica, ≥ 5 anos de ITK contínuo e RMP ≥ 2 anos (BCR-ABL < 0,01 % IS), consentimento do paciente. Exclusão: parada não clínica, gestação, monitoramento inadequado, baixa adesão, perda de seguimento, eventos grau 3–4 ou crise blástica. Monitoramento molecular: PCR quantitativo em tempo real (QuantideX® qPCR BCR-ABL IS Kit, Asuragen®) no laboratório institucional: mensal 0–6 meses, trimestral 7–24 meses, semestral em diante. Recaída: perda de resposta molecular maior (RMM, BCR-ABL ≥ 0,1 %). Kaplan–Meier para tempo livre de ITK (intervalo de confiança de 95%).
DesfechosPrimário: RLT em 6 meses (proporção sem ITK e em RMM, janela 5–7 meses). Secundários: RLT em 12 meses; mediana livre de ITK; resistência com troca de ITK; percentual de paciente que reiniciou ITK por perda de RMM. Avaliações em 24 e 36 meses serão adicionadas quando toda a coorte atingir esses marcos de seguimento, o que permitirá comparação ampliada com o EURO-SKI.
ResultadosTrinta e um pacientes iniciaram RLT. RLT-6 meses: 58,1% (18/31; IC 39,1–75,5); 12 meses: 50,0% (15/30; IC 31,3–68,7). Mediana livre de ITK: 14,3 meses. Reinício por perda de RMM: 58,1%. Troca após reinício: 5,6%. Resistência declarada: 5,6%.
DiscussãoA RLT-6 meses (58,1%) espelha o EURO-SKI (∼ 61%), indicando que nossos critérios de parada e monitoramento inicial são seguros. Aos 12 meses, metade da coorte segue sem ITK; o declínio reflete a zona de maior risco descrita na literatura. O reinício por perda de RMM (58,1%) confirma a necessidade de vigilância estreita, mas a baixa taxa de troca (5,6 %) mostra recuperação rápida com o mesmo fármaco e resistência clínica rara. A mediana livre de ITK de 14,3 meses posiciona nosso serviço em linha com séries de mundo real, reforçando que, mesmo em centro público, a estratégia de RLT é factível quando há adesão ao calendário de PCR e reintrodução precoce.
ConclusãoEm curto prazo, nossos resultados reproduzem experiências internacionais, confirmando a segurança da suspensão em nosso cenário público. A maioria dos que recaem recupera rapidamente a resposta com o mesmo ITK e raramente exige troca. Seguimento mais longo e coorte ampliada permitirão refinar estimativas e identificar fatores que sustentem a RLT a longo prazo
Referência:
Saussele S, Richter J, Guilhot J, Gruber FX, Hjorth-Hansen H, Almeida A, et al. Discontinuation of tyrosine kinase inhibitor therapy in chronic myeloid leukaemia (EURO-SKI). Lancet Oncol. 2018;19(11):1512-21. doi:10.1016/S1470-2045(18)30426-8.




