O linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) é o tipo de linfoma mais comum e apesar de agressivo é potencialmente curável com quimioterapia a base de R- CHOP. Pacientes com mais de 70 anos são considerados idosos e muitos podem ser frágeis pela presença de comorbidades o que pode exigir mudança do tratamento, impactando no prognóstico.

Analisar características epidemiológicas, clínicas e o prognóstico de pacientes idosos com LDGCB do serviço de Hematologia do HUPE.

Estudo observacional retrospectivo de pacientes idosos com LDGCB acompanhados no HUPE de 2010 a 2024. Coleta de dados de prontuários. Analisadas características demográficas, clínicas e de tratamento por estatística descritiva. Sobrevida Global (SG) e Sobrevida Livre de Evento (SLE) foram estimadas pelo método de Kaplan-Meier e comparadas pelo método de log rank.

Coorte com 110 pacientes com LDGCB. 36 (32%) pacientes idosos com mais de 70 anos, sendo 28 (25%) pacientes com 70 anos ou mais e 8 (7%) pacientes com 80 anos ou mais. 22 (55,5%) pacientes do sexo feminino. 20 pacientes (55,5%) estágio III e IV, 12 pacientes (37,5%) com massa Bulky e 22 pacientes (61,1%) com sintomas B. 26 (72,2%) pacientes foram tratados com RCHOP e 7 (19,4%) mini-RCHOP. 21 (61,7%) pacientes obtiveram RC, 5 (14,7%) remissão parcial, 5 (14,7%) progressão da doença, 6 (22,2%) recaída. A SLE mediana foi de 132 meses para a população geral, 20,1 meses para pacientes com 70 anos ou mais e de 10,8 meses para aqueles com 80 anos ou mais. A SG mediana foi de 131, 21,5 e 10,8 meses, respectivamente (p 0,01).

Os pacientes idosos foram tratados em sua grande maioria com R-CHOP ou mini R-CHOP conforme descrito e recomendado na literatura. O desfecho clínico dos pacientes idosos (mais de 70 anos) foi pior do que o da população geral, o que é condizente com os dados da literatura internacional. Porém, chama atenção, uma SG mediana desses pacientes idosos da nossa coorte muito inferior ao descrito na literatura internacional que é de 42 meses de SG mediana. Pacientes idosos com LDGCB apresentam um prognóstico pior em comparação aos pacientes mais jovens, devido à presença de mais comorbidades e menor tolerância ao tratamento. O desfecho clínico dos nossos pacientes idosos foi bastante inferior ao descrito na literatura e pode estar associado ao idadismo e a falta de políticas públicas efetivas que permitam acesso precoce e cuidado efetivo para o idoso.