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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 2583
Acesso de texto completo
DESEMPENHO PROGNÓSTICO DO ESCORE TREATMENT-RELATED MORTALITY (TRM) EM PACIENTES COM LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA ATENDIDOS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA EM SALVADOR, BAHIA
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MBV Lima, KCR da Mata, SNF Teixeira, LKN Canuto, GA Oliveira, AG Sabarin, RCdA Matos, RS de Brito, JFS do Carmo, DMS Alencar
Hospital Universitário Professor Edgar Santos (HUPES), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

A leucemia mieloide aguda (LMA) é uma neoplasia hematológica agressiva com alta mortalidade precoce, especialmente entre pacientes submetidos à quimioterapia intensiva. Com o surgimento de terapias menos tóxicas e eficazes, torna-se essencial identificar precocemente pacientes com maior risco de óbito, orientando escolhas terapêuticas mais seguras. Dentre os escores prognósticos, destaca-se o Treatment-Related Mortality (TRM), validado em uma coorte americana de 3.365 pacientes com LMA, pré-quimioterapia, de indução, em altas doses. Contudo, sua aplicabilidade em serviços públicos brasileiros ainda não foi avaliada.

Objetivos

Avaliar o desempenho do escore TRM em uma coorte de pacientes com LMA tratados com quimioterapia de indução 7+3 em hospital público na Bahia.

Material e métodos

Estudo retrospectivo com 120 pacientes tratados de Fev/2015- Fev/2025.O escore TRM foi calculado conforme modelo original, utilizando as mesmas variáveis (idade, ECOG, creatinina, albumina, leucócitos, plaquetas, % de blastos e tipo de LMA). O desfecho primário foi óbito até 28 dias, após início da quimioterapia. A capacidade discriminativa foi avaliada pela área sob a curva ROC (AUC), com cálculo de sensibilidade, especificidade, valores preditivos positivo e negativo, e acurácia global. A categorização como LMA de secundária foi baseada em dados clínicos e laboratoriais disponíveis.

Resultados

A idade média dos pacientes foi de 42 anos, sem comorbidades significativas e com estado funcional majoritariamente entre ECOG 1-2. A mortalidade precoce foi de 15% (18/120). O escore TRM, na amostra analisada, apresentou AUC de 0,58 (IC95%:0,438–0,719), sensibilidade de 38,9%, especificidade de 80,4%, valor preditivo positivo de 23,5% e acurácia global de 70%. Quando analisadas isoladamente, as variáveis ECOG e LMA secundária apresentaram AUCs de 0,51 e 0,54, respectivamente.

Discussão e conclusão

O desempenho limitado do escore TRM nesta coorte pode estar relacionado ao perfil clínico homogêneo da população estudada, composta por pacientes mais jovens e funcionalmente preservados, o que reduziu a variabilidade das variáveis do modelo. A baixa acurácia do ECOG pode estar relacionada à sua natureza subjetiva. A idade, com AUC ≈ 0,55, também mostrou discriminação limitada. A ausência de exames sistemáticos de citogenética e biologia molecular comprometeu a classificação precisa da LMA secundária, subestimando sua frequência. Esses fatores podem ter contribuído para o desempenho inferior observado em comparação ao estudo original, que reportou AUC de 0,82. O escore TRM apresentou desempenho discriminatório limitado na predição de óbito precoce em pacientes com LMA tratados em hospital público no Brasil. O número reduzido de eventos comprometeu a validação estatística formal, sendo os achados de caráter exploratório. Assim, nossos achados sugerem que modelos prognósticos desenvolvidos e validados em populações distintas, com características clínicas, recursos diagnósticos e contextos assistenciais diferentes, podem não apresentar o mesmo desempenho quando aplicados em cenários como o da saúde pública brasileira. A validação local ou a adaptação desses escores é essencial para garantir maior acurácia preditiva e utilidade clínica, permitindo decisões terapêuticas mais alinhadas à realidade dos pacientes e dos serviços disponíveis no país. Estudos multicêntricos, com maior poder amostral e delineamento prospectivo, são fundamentais para validar ou adaptar modelos prognósticos à realidade assistencial brasileira.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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