HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA hemofilia é uma coagulopatia hereditáriarara que demanda tratamento contínuo com medicamentos pró-coagulantes. No estado do Pará, os desafios encontratdos, como a extensão territorial e a desigualdade no acesso aos serviços especializados evidenciaram a necessidade de estratégias que ampliassem o cuidado. A descentralização da infusão dos medicamentos pró-coagulantes (MPC) surge com alternative mais eficaz para reduzir barreiras geográficas, na melhorar a adesão ao tratamento e promover a humanização na Rede de Atenção à Saúde (RAS).
ObjetivosDescrever o perfil das pessoas com hemofilia (PCH) contempladas no projeto de descentralização do tratamento com MPC no período de 10 anos, e apresentar os avanços e impactos dessa estratégia no cuidado integral.
Material e métodosTrata-se de um estudo descritivo, com abordagem quali-quantitativa, fundamentado na análise documental do relatório técnico do projeto de descentralização do tratamento com MPC, executado pela Fundação HEMOPA no período de 2015 a 2025. Foram analisados dados secundários de 41 PCHs, obtidos a partir de registros assistenciais e formulários de acompanhamento multiprofissional. As variáveis incluíram tipo e classificação da hemofilia, faixa etária, município de residência, regime terapêutico, local de infusão e capacitação para autoinfusão. Em conformidade com a Resolução n° 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde, por se tratar de pesquisa com dados secundários, sem identificação pessoal e de acesso institucional, o estudo foi dispensado de submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa. Os dados foram analisados de forma agrupada, garantindo sigilo, confidencialidade e respeito à dignidade dos sujeitos.
ResultadosForam contempladas 41 PCHs, sendo 34 com hemofilia A e sete com hemofilia B. Desses, 31 residem na Região Metropolitana de Belém e 10 em municípios do interior. Quanto à origem do encaminhamento, 32 foram por indicação da equipe multiprofissional e nove por demanda espontânea. Do total, 19 realizam profilaxia primária, 15 profilaxia secundária e sete fazemuso de emicizumabe. Das 41 PCHs, nove realizam infusão em Unidades Básicas de Saúde (UBS), com armazenamento de MPC local. Doze PCHs foram treinadas para autoinfusão no hemocentro. Em relação à faixa etária, 16 têm entre 4 a 8 anos, 15 entre 10 a 19 anos, sete entre 20 a 28 anos e três acima de 28 anos.
Discussão e conclusãoA descentralização demonstrou-se eficaz ao promover maior adesão terapêutica, reduzindo deslocamentos frequentes ao hemocentro, especialmente entre crianças em profilaxia primária que antes necessitavam comparecer até três vezes por semana à unidade especializada. A escuta qualificada e o acolhimento das demandas individuais permitiram à equipe multiprofissional (enfermeira, assistente social e psicóloga) atuar de forma integrada, fortalecendo o vínculo entre usuário, família e RAS. O protagonismo do paciente e o estímulo ao autocuidado foram valorizados, respeitando-se o contexto sociocultural de cada núcleo familiar. O projeto de descentralização contribuiu para qualificar o cuidado às pessoas com hemofilia no Pará, promovendo corresponsabilização terapêutica, autonomia dos usuários e redução de complicações clínicas. A experiência reafirma a importância de estratégias regionais, integradas e humanizadas no cuidado às coagulopatias hereditárias no SUS.




